Escreve a jornalista do Económico, SARA PITEIRA MOTAque “as autoridades
portuguesas como a Procuradoria Geral da República (PGR) e a Comissão do
Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) colaboraram com o regulador dos mercados
dos EUA na investigação a um esquema piramidal dirigido por cidadãos nacionais.
A Securities and Exchange Commission (SEC) formalizou acusações contra três
directores da empresa portuguesa Wings Network e 12 promotores, que estavam por
trás de um esquema de pirâmide internacional que visava as comunidades latinas
nos EUA. Foi também dada ordem judicial para congelar os bens dos directores da
companhia, promotores e partes relacionadas. Até ao fecho desta edição não foi
possível entrar em contacto com a empresa nem com nenhum dos directores. O site
oficial da Wings Networks foi suspendido e não existe qualquer contacto
telefónico. As primeiras notícias deste esquema em pirâmide surgiram em 2014,
culminando agora com a acusação de violação de leis antifraude. A SEC agradece a
colaboração da CMVM e da PGR nas investigações, mas estas entidades,
contactadas pelo Diário Económico, não prestaram mais esclarecimentos até ao
fecho da edição. De acordo com a SEC, o esquema foi criado pelo brasileiro
Sergio Henrique Tanaka e pelos portugueses Carlos Luis da Silveira Barbosa
(CEO) e Cláudio de Oliveira Pereira Campos, tendo ligações à Madeira e a
sociedades domiciliadas no arquipélago. Juntos
criaram uma rede de promotores, através da utilização de redes sociais, como o
Facebook e o YouTube. Numa queixa apresentada no tribunal federal de Boston, a
25 de Fevereiro de 2015, a SEC explica que a empresa portuguesa - que opera sob
o nome Wings Network - alega ter um negócio de marketing sustentado pelas
vendas de produtos electrónicos, soluções digitais e móveis para clientes,
incluindo aplicações e armazenamento em ‘cloud' (nuvem). No entanto, as
receitas da Wings Network "provêm apenas da venda de participações de
investidores e não da venda de quaisquer produtos", refere o comunicado. A
empresa baseava-se no recrutamento de novos membros, e as comissões eram pagas
aos investidores mais antigos COM DINHEIROrecebido de investidores recentes,
num clássico esquema ‘ponzi'. Através deste esquema, a empresa conseguiu
levantar 23,5 milhões dólares (21 milhões de euros) a partir de milhares de
investidores, incluindo muitas pessoas das comunidades de imigrantes
brasileiros e dominicanos a viver em Massachusetts. Os promotores usavam o Facebook para divulgar
as "reuniões de negócios", que se realizavam em HOTÉIS e outros
locais em várias cidades dos EUA. Além disso, criavam centros de formação para
atrair novos investidores para participar na Wings Network. O esquema é semelhante ao da TELEXFREE, que
fez centenas de milhares de vítimas em Portugal, particularmente na Madeira, e
foi no ano passado proibida de actuar no Brasil e nos Estados Unidos. Sérgio
Tanaka, um brasileiro que detém 14 empresas nos Estados Unidos é também um dos
fundadores da Tropikgadget, registada em zonas ‘offshore' dos Emirados Árabes
Unidos (Hamriyah) e em Portugal (Madeira)”