sexta-feira, março 06, 2015

Empresa portuguesa Wings Networks acusada pelo regulador da bolsa em Nova Iorque.Autoridades nacionais ajudam SEC a acusar fraude piramidal



Escreve a jornalista do Económico, SARA PITEIRA MOTAque “as autoridades portuguesas como a Procuradoria Geral da República (PGR) e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) colaboraram com o regulador dos mercados dos EUA na investigação a um esquema piramidal dirigido por cidadãos nacionais. A Securities and Exchange Commission (SEC) formalizou acusações contra três directores da empresa portuguesa Wings Network e 12 promotores, que estavam por trás de um esquema de pirâmide internacional que visava as comunidades latinas nos EUA. Foi também dada ordem judicial para congelar os bens dos directores da companhia, promotores e partes relacionadas. Até ao fecho desta edição não foi possível entrar em contacto com a empresa nem com nenhum dos directores. O site oficial da Wings Networks foi suspendido e não existe qualquer contacto telefónico. As primeiras notícias deste esquema em pirâmide surgiram em 2014, culminando agora com a acusação de violação de leis antifraude. A SEC agradece a colaboração da CMVM e da PGR nas investigações, mas estas entidades, contactadas pelo Diário Económico, não prestaram mais esclarecimentos até ao fecho da edição. De acordo com a SEC, o esquema foi criado pelo brasileiro Sergio Henrique Tanaka e pelos portugueses Carlos Luis da Silveira Barbosa (CEO) e Cláudio de Oliveira Pereira Campos, tendo ligações à Madeira e a sociedades domiciliadas no arquipélago.  Juntos criaram uma rede de promotores, através da utilização de redes sociais, como o Facebook e o YouTube. Numa queixa apresentada no tribunal federal de Boston, a 25 de Fevereiro de 2015, a SEC explica que a empresa portuguesa - que opera sob o nome Wings Network - alega ter um negócio de marketing sustentado pelas vendas de produtos electrónicos, soluções digitais e móveis para clientes, incluindo aplicações e armazenamento em ‘cloud' (nuvem). No entanto, as receitas da Wings Network "provêm apenas da venda de participações de investidores e não da venda de quaisquer produtos", refere o comunicado. A empresa baseava-se no recrutamento de novos membros, e as comissões eram pagas aos investidores mais antigos COM DINHEIROrecebido de investidores recentes, num clássico esquema ‘ponzi'. Através deste esquema, a empresa conseguiu levantar 23,5 milhões dólares (21 milhões de euros) a partir de milhares de investidores, incluindo muitas pessoas das comunidades de imigrantes brasileiros e dominicanos a viver em Massachusetts.  Os promotores usavam o Facebook para divulgar as "reuniões de negócios", que se realizavam em HOTÉIS e outros locais em várias cidades dos EUA. Além disso, criavam centros de formação para atrair novos investidores para participar na Wings Network.  O esquema é semelhante ao da TELEXFREE, que fez centenas de milhares de vítimas em Portugal, particularmente na Madeira, e foi no ano passado proibida de actuar no Brasil e nos Estados Unidos. Sérgio Tanaka, um brasileiro que detém 14 empresas nos Estados Unidos é também um dos fundadores da Tropikgadget, registada em zonas ‘offshore' dos Emirados Árabes Unidos (Hamriyah) e em Portugal (Madeira)”