Segundo o Público, "ajustes directos e
concursos para campanhas do PSD, contas e facturas que não batem certo,
contratações de agências de comunicação e empresas, e transferências bancárias
pouco transparentes estão sob investigação da Polícia Judiciária do Porto, por
suspeita de desvio de milhões de euros do Estado para financiamento ilegal de
acções de propaganda. A revista Visão chama-lhe a A Face Oculta do PSD e
dedica-lhe dez páginas, nas quais descreve em detalhe a rede de interesses,
empresas e figuras ligadas ao partido, criada ao longo da última década, mas
sobretudo nos últimos cinco anos, para financiar campanhas de dirigentes do
partido, incluindo na luta interna pela liderança em 2007. A revista descreve
esta investigação como um retrato dos lobbies e interesses que envolvem as
estruturas locais e nacionais e não serão alheios ao actual Governo. O caso
envolve várias pessoas mas aponta para principalmente para duas figuras:
Cristina Ferreira, directora da agência de publicidade WeBrand (e antes da
Grafinvest), e o antigo presidente da Câmara Municipal de Gaia Luís Filipe
Menezes. Na sua edição desta quinta-feira, o Correio da Manhã escreve que o
património de Menezes está a ser investigado por sobre ele recaírem suspeitas
de corrupção. A WeBrand está, por seu lado, a ser investigada pelo Ministério
Público, a PJ e as Finanças, pelas suas ligações a empresas suspeitas de crimes
económicos e fiscais, diz a Visão. Escreve a revista que em 2007, Cristina
Ferrreira, na altura líder da empresa Grafinvest, já fazia campanhas do PSD
nacional. Nesse ano, Luís Filipe Menezes candidatou-se à liderança dos
sociais-democratas, sob o lema Ganhar Portugal, e venceu. A campanha tinha como
director Marco António Costa, que era vice-presidente da câmara de Gaia, e é
hoje porta-voz do PSD e coordenador permanente da Comissão Política Nacional.
Embora a candidatura tenha tido uma conta corrente na Grafinvest de menos de 70
mil euros, os gastos terão sido o triplo, escreve a Visão. Em 2009, ano de três eleições – europeias,
legislativas e autárquicas – todas as campanhas do PSD ficaram a cargo da nova
empresa liderada por Cristina Ferreira, a WeBrand, criada em 2008. Durante esse
ano e seguintes foram clientes da WeBrand várias estruturas do PSD, continua a
Visão, que escreve que as ordens internas, na empresa, eram para triplicar os
valores. Além da sede nacional, as estruturas de Porto e de Gaia, lideradas na
altura por Marco António Costa, estarão entre as que geraram movimentos
financeiros mais significativos. É em
Gaia, onde Luís Filipe Menezes iniciou em 1997 o primeiro de quatro mandatos,
que se centra a investigação da Polícia Judiciária do Porto. Uma investigação
que, segundo a Visão, terá surgido depois da última campanha autárquica, em
2013, quando Luís Filipe Menezes se candidatou à Câmara Municipal do Porto e
foi acusado pelos seus adversários de ultrapassar os valores permitidos de
gastos em candidaturas"