Segundo o Expresso, uma "sondagem sobre a aplicação do programa de assistência mostra que os portugueses acham que estes três anos correram mal. E não acreditam que a austeridade vá abrandar. O programa da troika está a ser mal aplicado, o país e as pessoas estão hoje pior que há três anos e a austeridade não deverá diminuir nos próximos tempos. Estas são algumas das conclusões mais relevantes do estudo da Eurosondagem e do Fórum das Políticas Públicas 2014, coordenado por Pedro Adão e Silva e Maria de Lurdes Rodrigues, que visa avaliar a percepção dos portugueses sobre estes quase três anos de cumprimento do programa de assistência económico-financeira da troika (FMI, BCE e Comissão Europeia) a Portugal. E os resultados desse inquérito não são propriamente muito optimistas ou animadores. A começar pelo facto de cerca de 70% dos inquiridos entenderem dar uma nota negativa ou muito negativa à forma como o programa tem sido executado desde 2011. Apesar da percepção pública de que o Governo de Passos muitas vezes terá ido além da própria troika na vontade de levar a cabo o programa (ou ultrapassando-o mesmo), a maioria dos inquiridos tende a acreditar que as medidas de austeridades destes três anos têm no essencial o dedo e a marca da troika e foram por ela impostas aos portugueses. Depois, dois terços dos inquiridos não parecem ter dúvidas em considerar que, aqui chegados, o país está pior do que há três anos. E quatro quintos entendem que a sua situação pessoal e a da sua família também está hoje pior que há três anos. Quanto aos passos que se seguem, e numa altura em que o chamado "debate sobre o pós-troika" está mais aceso que nunca, os portugueses entendem que um programa cautelar negociado com a Europa seria a melhor saída para o país. Enquanto 48,8% têm esta opinião, apenas 32,6% optam por considerar uma saída limpa, à irlandesa, como a melhor opção. Em relação a esta questão, destaque ainda para o facto de ser aquela em que se regista maior percentagem (18,6%) de inquiridos que preferem optar pelas respostas "não sei" ou "não respondo". O que mostra como este é um tema em que ainda muito pode estar por esclarecer. Finalmente, quanto ao volume de austeridade no pós-troika, 42,4% entendem que vai manter-se - 41,3% até acreditam que ainda vai aumentar. Ou seja, um total de mais de 80% dos inquiridos acreditam que a austeridade vai ficar na mesma ou ainda subir. Apenas cerca de 6% diz acreditar que pode diminuir nos próximos tempos. Refira-se que o Fórum das Políticas Públicas vai estar reunido esta terça e quarta no ISCTE, em Lisboa, com um conjunto de debates sobre políticas para o pós-memorando"