Ficamos
esta semana saber que “em 31 das 50 empresas cotadas na Bolsa de Valores
contam-se 51 políticos em cargos de gestão, administração e fiscalização.
Destes 51 políticos, 21 são oriundos de governos do PSD, 20 do PS, sendo que os
10 restantes integram ou integraram governos de coligação, entre os quais
figura o CDS-PP. 56% dos
políticos que ocupam cargos nos órgãos sociais destas organizações
concentraram-se em apenas nove das empresas cotadas. 47% são ou foram ministros
e muitos deles exercem cargos em mais do que uma empresa. Se tivermos em consideração as 20
empresas do PSI-20, apenas duas (10%) não integram qualquer político nos seus
órgãos sociais. O volume das
empresas com ligações políticas é cerca de três vezes maior do que as empresas
que não têm políticos nos seus órgãos sociais.Estes números, citados pelo
Jornal de Notícias, foram obtidos no âmbito de uma investigação levada a cabo por Maria
Teresa Bianchi, doutoranda em Ciências Empresariais pela Faculdade de Economia
da Universidade do Porto, que cruzou os nomes de todos os políticos com assento
parlamentar desde 1974 com os órgãos das empresas cotadas em 2010. Entre os exemplos analisados, destacam-se
o atual ministro da Defesa, José Pedro Aguiar Branco, com funções na Portucel,
na Semapa e na Impresa, António Lobo Xavier, que integra no seu currículo lugar
nos órgãos sociais do BPI, Mota Engil e Sonaecom, e ainda Júlio Castro Caldas,
ministro de Guterres, com registo na Zon Multimédia e Grupo Soares da Costa. Já
a EDP conta com vários políticos como António Mexia, Eduardo Catroga e António
de Almeida, sendo que este último transitou, entretanto, para a Fundação EDP. Ainda que só tenha estudado as relações
diretas de políticos às empresas, Maria Teresa Bianchi identificou a presença
nestas organizações de familiares de ministros, chefes de gabinete, membros de
comissões políticas nacionais de cada partido e do Conselho de Estado e
representantes da Casa Civil do Presidente da República".