“Ao
contrário do que se possa pensar a reunião de amanhã do Conselho regional do
PSD da Madeira será pacífica, tem que ser pacífica, porque o momento não
convida nem a aventuras, nem à apologia da conflitualidade interna que
fragiliza. É urgente a pacificação partidária para que nos concentremos todos
naquilo que são os desafios essenciais de nesta data de colocam à Região.
Dirão
alguns, com alguma razão, que o PSD regional está fragilizado política e
eleitoralmente e que tarde em resolver rapidamente essa situação emocional, remobilizando-se
de cima abaixo. Porque aos resultados das regionais de 2011, que foram
claramente os piores de sempre, em votos e mandatos, somou o resultado das
autárquicas de Setembro do ano passado que representaram, de facto, um soco no
estômago, do qual o PSD local parece não estar ainda coletivamente recuperado.
Há que passar à fase seguinte, tal como fazem todos os partidos porque em
democracia é a vontade soberana dos eleitores que determina tudo na política.
Os madeirenses votaram no ano passado da forma que livremente entenderam a mais
adequada. Ao PSD da Madeira o que se exige é que respeite essa vontade, da
mesma forma que o fez sempre no passado, quando ganhou de forma clara, e exigiu
respeito pelo veredicto dos eleitores, particularmente por alguns sectores da
oposição que tanto criticaram e ridicularizaram no passado as opções dos
"vilões" e "analfabetos" que agora são endeusados.
E
porque é que digo que a reunião do Conselho Regional será porventura das mais
fáceis, em termos de decisão, e politicamente tranquilas? Porque uma coisa é o
que desejam todos aqueles que há muitos meses, contado com cumplicidades
várias, procuram condicionar, deturpar, manipular os factos e direcionar o
veredicto dos conselheiros - catalogados de "brigada do reumático",
de "desnecessidades" ou de "papagaios" não sei de quem,
entre outros atributos que esclarecem o carácter de quem promove e fomenta toda
esta porcaria de fora para dentro - outra cosia é o que realmente está em jogo
para o PSD. Em jogo de facto, não em função dos desejos dos candidatos à
liderança já conhecidos.
Os
conselheiros, refletindo o que eu acredito seja - embora não tenha obviamente a
certeza - o sentimento generalizado, vão ler, ouvir e decidir em conformidade
com a sua convicção, com a sua liberdade de pensamento e de escolha, mas nesta
fase também em função do que melhor interessa do PSD. Não sou hipócrita e não
vou andar aqui com falinhas mansas.
O
que ali estará a ser votado é apenas uma proposta de antecipação do congresso
regional com tudo o que isso pode implicar em termos de riscos eleitorais e
políticos. E podem crer que se o PSD da Madeira um dia entrasse numa penosa
travessia do deserto, fruto de todos estes tiros-nos-pés, provavelmente os
causadores de tudo isso seriam os primeiros a abandonar o barco e rapidamente
as bases do partido deixariam de os ver por perto. Não duvidem disso. É sempre
assim, vem nos livros de ciência e de estratégia política.
Mas
como não vamos discutir intencionalidades subjacentes a certas estranhas
pressas de conquista (ou tomada) do poder, e como continuo a respeitar todos
aqueles que se apresentam como candidatos à liderança do PSD-Madeira, processo
aberto pelo próprio Alberto João Jardim quando anunciou que não se recanditaria,
o que é que estará em cima da mesa?
Apenas
e só - e não vale a pena alindar a discussão, agitar fantasmas, complicar o
debate com argumentos absolutamente estranhos ou diabolizar protagonistas,
inventando histórias da carochinha que não interessam para nada nem a ninguém -
a realização, sim ou não, de um congresso eletivo antecipado.
Se
for aprovada essa proposta, que riscos corre o PSD numa conjuntura que é
claramente duplamente penalizadora? Provavelmente o risco maior, admitindo que
ainda seria o partido mais votado, seria o de perder a maioria absoluta,
obrigando os social-democratas regionais a ter que negociar com algum parceiro,
que no pós-Alberto João Jardim, seria ou o CDS, no caso dos adversários de um
entendimento à esquerda, ou com o PS, no caso dos adeptos do chamado
"bloco central" e que olham para o CDS com comprovada desconfiança.
Não
vale a pena esconder o sol com a peneira. O que estará em cima da mesa
resume-se a saber se há ou não congresso antecipado. Neste contexto, o que os militantes
do PSD precisam de saber, se é que não estão devidamente esclarecidos e atentos
a todas as movimentações que por aí andam, são as implicações de uma ou de
outra opção. Ou seja, identificar os prós e contras subjacentes a qualquer das opções
a serem tomadas. Uma antecipação do congresso com a consequente antecipação das
"diretas" para eleição de um novo líder ou a manutenção deste
calendário até final do ano, respeitando o que foi aprovado em congresso e
ratificado depois pela Comissão Política e pelo Conselho Regional.
Sei
que existem várias teorias - admito, em termos pessoais, que algumas delas
possam até ser pertinentes. Até porque desconfio muito, sempre desconfiei
muito, de Cavaco Silva e não tenho por adquirido que o calendário político
defendido por Alberto João Jardim - "diretas" em Dezembro, congresso
e indicação de um novo presidente do governo regional em Janeiro de 2015 – seja
aceite.
Temos
todos que identificar, pragmaticamente, o que neste momento mais interessa ao
PSD regional e saber se o partido está ou não em condições de ser penalizado.
Acredito que o bom senso vai imperar. O recurso a eleições antecipadas, neste
momento, acarreta riscos, não só para o PSD, mas para a própria oposição que
bem vistas as coisas, precisa de mais tempo. Porque sabe que as regionais não se
comparam às autárquicas e que as coligações viabilizadas em Setembro de 2013
dificilmente se repetem porque muita coisa está em jogo no ato eleitoral
regional.
Por
que razão os membros do Conselho Regional e os militantes e simpatizantes do
PSD da Madeira em geral, independentemente de estarem ou não satisfeitos com
tudo o que se passa na sua vida e na política em geral, de terem ou não razões
de queixa, terão que fazer a vontade a quem está, esteve e estará sempre contra
o PSD, ou a quem não é, nem alguma vez foi ou será, simpatizante, militante ou
eleitor do PSD?" (JM)