quarta-feira, março 26, 2014

O pretenso "caso" do acesso às sedes de partidos em processos de decisão internos...

Falou-se no último Conselho Regional do PSD-Madeira - e realço o "pormenor" de ter sido possível quase uma cobertura online, "on demand" e em direto, o que demonstra bem a que ponto chegamos - e a propósito do debate para a liderança do PSD-Madeira, da problemática da acessibilidade às sedes por parte de não filiados.
As sedes do PSD-Madeira, que eu saiba, estiveram sempre abertas, por exemplo, em iniciativas que o partido promoveu - noutros tempos, quando era fácil fazê-lo...- direcionadas para a sociedade civil em concreto, pelo que não vejo qualquer razão às críticas que admito possam esconder (?) alguma demagogia, regra geral subjacente a este tipo de discurso populista.
Volto a repetir: estas questões não se resolvem com procura insistente pelo mediatismo na comunicação social ou nas redes sociais. A liderança de um partido é disputada com os militantes e apenas com eles, porque são eles que vão votar. Admito que alguns procurem obter na comunicação social e nas redes sociais alguma capacidade de pressão, de manipulação, de condicionamento do processo decisório, mas desconfio que tenham sucesso nessa empreitada. Para alguns deles acho que é demasiado tarde, até para lutarem pela sobrevivência. A política não se compadece com este oportunismo de querer ganhar tempo à espera de bonanças...
Se são apenas os militantes  que vão votar, quando forem chamados a isso, e desde que cumpram os requisitos estatutários previstos, se os simpatizantes não podem ter, e bem, qualquer participação neste processo de decisão partidária - até porque não entendo porque razão um simpatizante, seja de que partido for, que não quer sair do conforto desse estatuto de não filiado, há-de ter os mesmos direitos dos militantes - porque razão insistem em tentar enganar as pessoas e dar uma falsa ideia de "porreirismo" que não passa de um ardiloso absurdo?
Qualquer partido envolvido numa corrida pela sua liderança, tem que resolver internamente, e numa primeira fase, esse seu problema, porque apenas um candidato pode ganhar a corrida. Quando esse partido resolver o problema interno e descobrir esse novo líder - repito, a ser eleito, e sublinho, apenas pelos militantes - passamos então a uma segunda fase, a do líder eleito ir ao encontro dos simpatizantes e dos eleitores em geral para difundir as suas ideias e divulgar as suas propostas, então numa visão menos restritiva e a pensar mais na Madeira e nos Madeirenses e não no partido. Há, como se constata, dois tempos distintos. Que não podem ser confundidos. Um clube de futebol, quando elege a direcção, fá-lo internamente num processo electivo em que participam os associados em condições para votarem, ou os accionistas. Os simpatizantes de um clube não elegem ninguém! Depois disso, passa-se a uma segunda fase, na qual os eleitos, porque vencedores de uma corrida interna, devem vir cá para fora dar a cara e dizer o que querem e o que defendem dirigindo-se especificamente ao universo mais alargado de adeptos dessa colectividade mas não inscritos como sócios. O que é que me interessa a  mim, enquanto simpatizante ou mero eleitor sem vínculo partidário certo, saber o que dizem os candidatos à liderança de um partido, se eu sei que apenas um deles vai ganhar essa corrida? O que eu preciso de saber é quem ganha essa disputa interna e só depois disso pensar no assunto e ouvir o vencedor. Só depois de devidamente legitimado é que o líder eleito deve vir "cá para fora", ao encontro dos simpatizantes, dos eleitores flutuantes, que votam ora num ora noutro partido, e da sociedade em geral, dizendo o que pensa e o que quer.
Confundir as coisas é demagogia ou desonestidade. Nada mais. Porque se fosse assim, também podia vir aqui falar de outras "quintas" que existem no âmbito do funcionamento de partidos, assentes numa certa mediocridade mas que tudo fazem, para manterem a sua influência e a sua visibilidade, pelo que perdem a legitimidade para apontarem o dedo a terceiros por causa de erros que lhes podem ser imputados.
Muito francamente, parece-me que o procedimento adotado pelo PSD-Madeira, no que ao processo interno de disputa da liderança diz respeito e concretamente à questão concreta do acesso dos putativos candidatos às sedes, parece-me perfeitamente normal, semelhante ao que é feito em em qualquer outro partido envolvido em processo interno semelhante. Aliás não entendo esta estranha insistência em querer transformar a questão do alargamento do acesso às sedes, por ocasião da campanha eleitoral, a simpatizantes e, pior do que isso, a pessoas que nada têm a ver com o partido e com o processo eletivo interno, num "caso" passível de ser usado para colocar em causa uma democraticidade interna que é incontestável. Concentrem-se por favor no essencial e deixem-se de divagações. Não confundam por favor as pessoas e dignifiquem ao menos o estatuto do militante de um partido, evitando colocá-lo ao mesmo nível de simpatizantes ou mesmo de eleitores que ora votam neste partido ou naquele, porque não têm compromissos nem simpatias com nenhum partido em concreto.
O que importa, neste momento, colocar em cima da mesa é saber a partir do momento em que o "jackpot" for reduzido se os partidos, incluindo o PSD-Madeira, terão condições para manterem abertas a sedes que hoje possuem nas freguesias ou nos concelhos. Muito francamente penso que a este nível muita coisa vai mudar porque os partidos políticos regionais, ao contrário do que muitas vezes é dito ou insinuado, não nadam em dinheiro. Pelo contrário...