segunda-feira, março 17, 2014

ALBERTO JOÃO JARDIM: "O mais difícil foi o relacionamento com a República"

Li aqui um trabalho da Lusa recordando que "Alberto João Jardim cumpre segunda-feira 36 anos à frente do Governo Regional da Madeira e diz que ao longo deste tempo "o mais difícil foi o relacionamento com a República".
"O mais difícil foi o relacionamento com a República, mais difícil do que com a própria União Europeia", declarou o líder madeirense numa entrevista à agência Lusa, fazendo um balanço no relacionamento, quer com o Governo da República, quer com o partido a nível nacional. Para Alberto João Jardim, "a cultura portuguesa é, ainda, uma cultura de império. É natural, são quase seis séculos de império e, de repente, aparecer regiões autónomas sem haver qualquer tradição de descentralização política numa história portuguesa de quase nove séculos, obviamente que isto cria dificuldades que, mais do que políticas, têm raízes culturais". "A maior parte das dificuldades foi aí, a luta permanente que é preciso travar com Lisboa para se poder afirmar os direitos do povo madeirense", conta, sublinhando: "E, mesmo assim, não se consegue tudo o que se pretende". No que diz respeito à relação com as estruturas nacionais do partido, Jardim considera que "os problemas começaram à medida que a Maçonaria foi ganhando força em Portugal e, a certa altura, com a tomada de posse da atual coligação no poder, mobilizaram-se esforços contra a minha pessoa, principalmente com alianças, aqui, na Madeira, apoiados também por pessoas que não olham a meios para atingir os seus fins".
"Juntaram-se todos à esquina a tocar a concertina e, aí, temos esta música contra mim", ironiza. Confrontado se os madeirenses não poderão estar "magoados" com a sua governação que levou a Madeira a uma dívida pública de 6,3 mil milhões de euros, o governante madeirense responde que "não havia outra solução". "A política é saber aproveitar as oportunidades no tempo certo e enquanto foi possível, porque havia massa financeira disponível, aproveitar as oportunidades, mesmo recorrendo a dívida pública, fez-se tudo o que se podia fazer", declara, assegurando que "se não se tivesse feito, hoje não se podia fazer, hoje o madeirense não tinha a qualidade de vida que tem".
Alberto João Jardim argumenta que "quando falta liquidez na banca, falta automaticamente também para quem faz uma política recorrendo à dívida pública" e, daí, quando foi assinado o Programa de Assistência Financeira a Portugal por parte do Banco Central Europeu, do Fundo Monetário Internacional e da União Europeia, o Governo Regional decidiu igualmente recorrer a um Programa de Assistência para "consolidar" as suas finanças.
"Tudo natural", declara. Há 36 anos, na tomada de posse, Jardim dizia que "a Madeira será o que os madeirenses quiserem". Volvido este tempo, o chefe do executivo regional adverte: "no dia em que os madeirenses caírem na asneira de se entregar nas mãos dos interesses que antes os humilharam e os exploraram, a Madeira está desgraçada, mas a culpa foi também dos madeirenses que aceitaram isso. Eu tenho sempre razão, a Madeira será aquilo que os madeirenses quiserem". Politicamente a Madeira é, desde 1976, uma Região Autónoma, dotada de um Estatuto Político-Administrativo e de órgãos de Governo Próprios: a Assembleia Regional e o Governo Regional. O Estado Português é representado na região por um Representante da República"