domingo, outubro 25, 2009

Portugal está no "top" da fuga de cérebros

Li no Expresso, numa reportagem das jornalistas Isabel Leiria e Joana Pereira Bastos uma curiosa reportagem sobre a fuga de cérebros de Portugal para o estrangeiro: "Durante seis meses, Ana Cristina Pereira enviou mais de 100 currículos para todos os pontos do país. Só por cinco vezes teve resposta. Sempre a mesma: “Neste momento não precisamos dos seus serviços”. A enfermeira que sonhava trabalhar com recém-nascidos acabou a servir cafés numa pastelaria. “Estava cansada de ficar em casa à espera de um D. Sebastião e de me sentir uma inútil”, recorda. Mas a experiência não durou muito. Um dia lembrou-se de um anúncio de emprego que o pai lhe tinha mostrado e que pedia profissionais de saúde para a Irlanda. Não hesitou mais. Custou-lhe partir, mas aos 23 anos, pouco tempo depois de concluir com média de 15 valores o curso na Escola Superior de Enfermagem do Porto, fez as malas com a certeza de que “emigrar é bem melhor do que ficar e ser explorado”. Hoje, passados dois anos, trabalha no serviço de Neonatologia de uma maternidade de Dublin, ao lado de mais cinco colegas portuguesas. Ganha quase 2600 euros por mês e tem um contrato de trabalho sem termo, algo impensável em Portugal, garante. Pela primeira vez sente que tem valor. Como Ana Cristina, mais de 100 licenciados abandonam Portugal todos os meses em busca de um emprego à altura das suas habilitações e de um salário condigno. O número peca por defeito, admite o próprio presidente do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), já que os dados só contabilizam quem estava registado nos centros de emprego e comunicou que ia partir. Milhares de outros tomam a mesma decisão sem avisar. No início da década, eram já 146 mil os licenciados portugueses que tinham emigrado, segundo os últimos números do Banco Mundial. Portugal é, aliás, o terceiro país da OCDE mais afectado pela “fuga de cérebros”, ou seja com maior percentagem da sua população qualificada a viver no estrangeiro (quase 15%), apenas atrás da Irlanda e da Nova Zelândia. Apesar de o número de licenciados ser dos mais baixos da Europa, o país parece já ser demasiado pequeno para todos". Vale a pena ler na edição impresa do semanário

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