segunda-feira, maio 12, 2008

Madeira: Liberalização (I)

Acabei de ouvir a dra. Conceição Estudante na RTP a falar da liberalização. Não vou entrar em pormenores porque, por um lado não sou especialista na matéria e, por outro, porque não me importam as polémicas, mas antes o eficaz funcionamento de modelos e decisões que podem corresponder (mas não correspondem nas actuais circunstâncias) ao que era expectável. Mas não retiro uma vírgula ao que até hoje aqui escrevi sobre esta temática. Basta ler a imprensa, os desabafos das pessoas, bastou ouvir a ACIF hoje, basta ver o que sobre este assunto referem vários partidos. A liberalização, enquanto modelo, é indiscutível. Mas não posso concordar com a ideia da separação da liberalização, entre a que visa o turismo (que segundo CE fez sentido) e a destinada aos residentes (que segundo disse CE está a dar problemas). O que eu mantenho, e neste caso concordo com a ACIF, é que neste momento estamos a condicionar a liberdade de opção e de circulação dos madeirenses nas ligações entre a Região e o Continente, fazendo com que seja mais fácil e barato ir a Londres do que a Lisboa. E isso é intolerável. No caso dos estudantes universitários, houve claramente um falhanço sobretudo porque eles viajam nos "picos" de maior procura, casos do Natal e da Páscoa, lembrando a propósito que os estudantes universitários madeirenses, por não saberem antecipadamente, por exemplo, o horário dos exames naquelas épocas do ano, não podem efectuar marcação de reservas e comprar viagens com antecedência.
Quando a dra. Conceição recorda os tais 2,5 milhões de passageiros por ano no aeroporto do Funchal, dos quais 100 mil são madeirenses, julgo que fico esclarecido quanto a prioridades e, mais do que isso, ajuda-me a perceber porque motivo se diz que a hotelaria regional está satisfeita com o modelo. Mas a liberalização foi feita em função dos interesses dos hoteleiros? Terão eles resolvido a ausência de uma nova operadora na linha que, em principio, alteraria tudo isto? O que eu direi neste momento à secretária do Turismo e Transportes, é isto: julgo a especificidade dos estudantes universitários (os madeirenses a estudar fora e os continentais a estudar na Madeira) não foi salvaguardada. Esperemos pelo Natal de 2008/Janeiro de 2009 e pelo que vai acontecer aos milhares de estudantes madeirenses quando quiserem marcar viagens para a Madeira e não tiverem lugares disponíveis, nem tarifas a preços que não estão de acordo com as suas possibilidades financeiras. Isto se não tivermos uma nova companhia na linha. Porque no actual cenário a gente depois fala... Um esclarecimento final de reafirmação de uma opinião pessoal, para que nem sequer se atrevam a deturpações: eu não contesto a liberalização, acho até que é tardia, nem contesto a boa-vontade dos dois governos que a negociaram. O que questiono é a imediata aplicação desse modelo negociado, sem que existissem condições de que não ficaríamos dependentes, como acontece agora, com uma descarada situação de monopólio protagonizada pela TAP e pala SATA.

Sem comentários: