Partido populista surge com 25% das intenções de voto, um ponto à frente dos trabalhistas do primeiro-ministro Keir Starmer, mas margem de erro coloca-os em pé de igualdade. Conservadores ficam-se pelos 21%. O Reino Unido acordou esta terça-feira com uma sondagem YouGov que coloca o Reform UK no primeiro lugar nas intenções de voto dos britânicos (25%), uma estreia para o partido populista de Nigel Farage, que surge dois pontos acima em relação ao último estudo de opinião e agora um ponto à frente dos trabalhistas do primeiro-ministro Keir Starmer, que passaram de 27 para 24%. A mesma sondagem, feita pela YouGov para a Sky News e o Times, coloca os conservadores, que governaram o país durante 14 anos até às eleições de julho, em terceiro, com 21% (menos um ponto), seguidos dos Liberais Democratas com 14% e os Verdes com 9%. “Há absolutamente um movimento para a mudança. O consenso que tivemos durante anos não funciona, as pessoas comuns estão mais pobres, as nossas fronteiras estão abertas, a imigração em excesso muda as nossas comunidades, as pessoas querem uma liderança real, forte e patriótica que realmente se preocupa com as pessoas comuns e não apenas com as grandes corporações”, comentou Farage em declarações à Sky News Austrália.
A sondagem desta terça-feira é histórica ao colocar conservadores e trabalhistas fora da liderança das intenções de voto, mas o cenário geral mantém-se igual, com o Reino Unido, numa altura em que as próximas eleições só devem realizar-se em 2029, a viver uma fase onde dominam três partidos. Anthony Wells, diretor de investigação política e social europeia do YouGov, explicou ao Times que a liderança do Reform UK está dentro da margem de erro e que seria mais realista ver o nível do partido de Nigel Farage a par do Partido Trabalhista. “O Partido Trabalhista e o Reform têm estado extremamente próximos em todas as sondagens que realizámos este ano e esta sondagem mostra uma liderança estreita do Reformismo”, notou Wells, referindo que “embora permaneça dentro das margens de erro, reforça o facto de o Reform ter um apoio praticamente igual ao dos trabalhistas, com os conservadores a recuarem novamente”.
Para a secretária de Estado da Saúde, Karin Smyth, os trabalhistas tiveram “uma sondagem muito grande há sete meses”, numa referência às eleições gerais de julho, ganhas pelo seu partido. “Já vi muitas sondagens irem e virem. Penso que esta sondagem põe particularmente em evidência o estado terrível em que se encontra o Partido Conservador neste momento. É uma altura volátil na política. Nós compreendemos isso”, disse ainda Smyth, à Times Radio. A governante admitiu que o Partido Trabalhista analisa as sondagens que são publicadas, mas reforçou: “Estamos muito concentrados no que estamos a tentar fazer neste momento”.
Já Richard Fuller, ex-chairman dos tories e atual ministro sombra do Tesouro, referiu que as sondagens são uma indicação da frustração dos eleitores. “As pessoas estão muito frustradas. Estavam muito frustradas com o Partido Conservador antes das eleições e é por isso que o Partido Conservador acabou por obter o seu pior resultado”, declarou à Sky News. “É evidente que temos de aprender com as lições. Foi o que disse Kemi Badenoch [a nova líder do partido] e é preciso tempo para restaurar a confiança do público britânico”, prosseguiu Fuller, notando também que “o público já viu o novo governo. Estão muito frustrados. Acham que [a ministra das Finanças] Rachel Reeves está fora de pé. Acham que Keir Starmer está um pouco fora de controlo”.
Segundo a Sky News estes resultados poderão reabrir a discussão dentro do Partido Conservador sobre uma fusão com o Reform UK, algo recusado pela sua líder, Kemi Badenoch. Um total de 43% dos inquiridos que votaram nos tories nas eleições gerais de julho apoiam uma fusão, contra 31% que se opõem. Os eleitores do Reform UK são mais susceptíveis de se oporem, com 40% contra e 31% a favor (DN-Lisboa)
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