Tentáculos empresariais de Cristiano Ronaldo agarram hotéis, jornais e águas

A veia empresarial de Cristiano Ronaldo tem-se salientado mais nos últimos anos, à medida que se aproxima o fim da sua carreira de futebolista. Com quase 900 golos marcados até aqui, o avançado português foca-se agora nas vitórias fora das quatro linhas, com investimentos em vários sectores. Um deles, muito visível, é a parceria com o grupo hoteleiro Pestana, que deu origem à empresa Pestana CR7 Lifestyle Hotels, da qual cada um tem 50% do capital. O primeiro hotel foi inaugurado em 2016 no Funchal, na Madeira, terra natal de CR7 e de Dionísio Pestana, proprietário do grupo hoteleiro, no mesmo ano abriu o hotel da marca em Lisboa e depois, em 2021, o Pestana CR7 rumou para fora do país: primeiro em Espanha (Pestana CR7 Gran Vía Madrid), depois nos EUA (Pestana CR7 Times Square, em Nova Iorque) e em Marrocos (Pestana CR7 Marrakech). O sexto hotel da marca está em construção em Paris e deverá abrir em 2027.

Os hotéis apresentam referências ao desporto e naturalmente ao jogador, com réplicas de prémios e camisolas autografadas. Em 2023 tiveram uma taxa de ocupação de 73% e um preço médio de €185 por quarto. Em novembro, passou a ser o maior acionista individual (30%) da Medialivre, dona do “Correio da Manhã”.

Um outro investimento de relevo de Ronaldo foi o que foi feito nos media. O jogador foi associado em junho de 2023 a uma proposta de compra da Cofina Media — detentora de meios como a CMTV, o “Correio da Manhã” (“CM”), a revista “Sábado”, os jornais “Record” e “Negócios” e agora o canal de informação Now — pelos quadros da empresa. E em novembro confirmou-se: passou a ser o maior acionista individual (com 30%) desta empresa de media, entretanto batizada de Medialivre. O facto de haver uma relação conflituosa com o “CM” e a CMTV foi amplamente recordado nessa altura — em junho de 2016 ficou célebre o momento em que o jogador agarrou num microfone da CMTV e o atirou para dentro de um lago em Lyon, França.

O futebolista aparece neste negócio na sequência de contactos feitos pelos quadros da Cofina Media com Miguel Marques, gestor de fortunas de famosos, entre os quais está Cristiano Ronaldo. Era preciso capital para fazer frente à proposta de compra apresentada pela Media Capital, proprietária da TVI e da CNN Portugal. Ronaldo trouxe o dinheiro mas também notoriedade e conteúdos ao grupo de media. Desde que se tornou acionista da Medialivre foi criado o Now, cujo objetivo é concorrer diretamente com a SIC Notícias (do grupo Impresa, proprietário do Expresso) e CNN Portugal, e também está em curso um investimento radiofónico: “Vejo com entusiasmo os novos projetos como o Now ou a entrada no projeto das rádios. A empresa Medialivre é essencial ao combate às fake news. Confio na equipa de gestão do grupo e não me arrependo de ter entrado neste sector”, disse CR7 esta semana.

Um mundo que não acaba

Uma das apostas mais antigas do atleta é o sector imobiliário. Há cerca de uma década criou a empresa Ponta de Lança, focada na compra e venda de casas. Começou por operar na Madeira (onde continua sediada), mas rapidamente virou agulhas para o continente, especialmente em Lisboa. Tem um ativo total avaliado em quase €13 milhões e é detida em partes iguais pela CR7 SA e pelo grupo Pestana. A parceria com o grupo Pestana estende-se ao projeto Formosa Residence, na praia Formosa, no Funchal, que deverá estar concluído em 2025 e terá cerca de 200 apartamentos T2, T3 e T4. Mais recentemente, o futebolista reforçou a aposta nesta área com a criação da Domum Septem, com sede em Lisboa, que tem um ativo que ronda os €6 milhões.

Ronaldo está também a apostar no desporto: vai investir no projeto da Cidade do Padel, em Oeiras, em conjunto com a empresa Lusofinança, cujo principal acionista é o empresário Filipe de Botton. Tem também participações numa rede de ginásios e numa empresa de eventos. É sócio da empresa de transplantes capilares Insparya, numa parceria com o empresário Paulo Joaquim Silva Ramos, e tem 50% da marca de águas URSU 9, água alcalina de Ávila, não muito longe de Madrid, numa parceria com o empresário Francisco Ferreira, do grupo Outeirinho (Expresso, texto dos jornalistas Diogo Cavaleiro, Gonçalo Almeida e Pedro Lima)