quarta-feira, setembro 04, 2024

Vista Alegre: um investimento à imagem de Cristiano Ronaldo

Cristiano Ronaldo tornou-se dono de 10% da Vista Alegre Atlantis (VAA), já tem um homem de confiança a caminho da administração, passou a ser proprietário de 30% da subsidiária em Espanha, país que bem conhece, e vai participar na criação de uma unidade de negócio no Médio Oriente, região onde agora joga futebol. É um investimento à sua imagem, que molda também os destinos da própria empresa de porcelanas. Enquanto comemora os 200 anos, a Vista Alegre vive uma nova experiência, com a entrada da CR7 SA como acionista minoritária. “A possibilidade de apoiar a estratégia de globalização da marca Vista Alegre como marca de lifestyle de luxo é um orgulho para mim enquanto português”, comentou o jogador, em junho, aquando da compra de 10% do capital à Visabeira. Segundo uma fonte ligada ao processo, foi a Visabeira que teve a iniciativa de se aproximar de Ronaldo, tendo depois seguido as negociações com os responsáveis de cada parte, sem nenhum intermediário, num processo que não passou por uma auditoria aprofundada (a chamada due dilligence).

Abertura da unidade no Médio Oriente e Ásia está agendada para este ano

Deu-se a entrada acionista, mas só dois meses depois é que a Vista Alegre agendou a assembleia-geral que vai colocar um nome ligado a Ronaldo na administração, embora com funções não executivas: Tiago Craveiro. A proposta é feita pela Visabeira Indústria, mostrando o alinhamento acio­nista entre grupo vendedor e atleta comprador, e a justificação dada ao mercado não foi a de garantir ao craque uma voz na administração, mas a necessidade de um maior equilíbrio entre administradores executivos e não executivos.

A transparência na operação, porém, não foi total, não se sabendo qual o preço a pagar: “Não havendo essa necessidade legal, foi uma decisão de ambas as partes”, argumenta a mesma fonte. Na altura, a participação acionista tinha um valor de mercado de €17 milhões, mas o segredo do valor dos investimentos faz parte do negócio de Ronaldo: é raro dizer quanto gastou. Em 2023, a empresa que produz objetos da marca Vista Alegre e Bordallo Pinheiro obteve vendas de €130 milhões, mas o lucro fica-se pelos €6,8 milhões.

A entrada no capital da VAA não foi a única e, desde então, Ronaldo já adquiriu 30% da subsidiária espanhola — a Visabeira divide, assim, o principal mercado exportador, onde está presente em Madrid e Barcelona, com 37 espaços nos El Corte Inglés pelo país. O grupo emprega 2500 trabalhadores. Não sendo uma novidade, a verdade é que a presença de minoritários não é regra no grupo: as subsidiárias em Paris, Nova Iorque e Cidade do México são detidas a 100%. No Brasil, a VAA tem 98% do capital. A maior exceção é na Índia, em que a presença é feita por via de uma parceria a 50%.

E agora a empresa industrial sediada em Ílhavo vai a caminho de um novo destino, precisamente para a área geográfica onde Cristiano Ronaldo joga (Al-Nassr, da Arábia Saudita). No decorrer do segundo semestre, segundo fonte ligada à empresa, perspetiva-se a criação de uma subsidiária para o Médio Oriente e Ásia (Expresso, texto dos jornalistas Diogo Cavaleiro, Gonçalo Almeida e Pedro Lima)

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