O
grupo de trabalho que está a preparar a estratégia de vacinação excluiu, na sua
proposta preliminar, as pessoas com mais de 75 anos (sem comorbilidades) do
grupo prioritário para receber a vacina contra a covid-19. Mas, de acordo com o
barómetro da Aximage para o JN e a TSF, são precisamente os mais velhos que
mais confiam na eficácia da vacina e que manifestam maior disponibilidade para
a receber, assim que estiver disponível.
A
maioria (54%) quer tomar a vacina assim que esteja disponível, especialmente na
região Norte (63%), seguindo-se a Área Metropolitana do Porto (57%). Mais os
homens (62%) do que as mulheres (47%). E sobretudo os de mais de 65 anos (69%).
O segundo grupo etário a desejar mais a vacina é o que inclui os portugueses
dos 35 a 49 anos (55%), que também são os segundos a confiar mais na eficácia
da vacina (59%).
O
plano da vacinação contra a covid-19 deve ser anunciado nos próximos dias,
assegurou esta semana a ministra da Saúde, Marta Temido. O parecer da comissão
técnica também ainda não está fechado. Mas, a possível exclusão dos mais velhos
já levou o presidente da República a classificar a proposta de
"tonta" e o primeiro-ministro a garantir que as "vidas não têm
prazo de validade". Os técnicos defendem que não dá para vacinar todos os
idosos na primeira fase e que não há provas da eficácia da vacina entre os mais
velhos.
O
coordenador da estratégia de vacinação, Francisco Ramos, divulgou, anteontem,
que os primeiros a ser vacinados serão os funcionários e residentes em lares
(seja qual for a idade), profissionais de saúde e de forças de segurança, bem
como os idosos com doenças graves.
Obrigatória
não
Os
portugueses não manifestam grandes dúvidas quanto à eficácia da vacina. O nível
de confiança entre os que têm 65 ou mais anos (79%) é quase o dobro do expresso
pelos adultos entre os 50 e os 64 anos (40%). Este é, aliás, o grupo etário
menos confiante. Até os mais jovens (18 a 34 anos) mostram maior segurança. A
nível regional, é no Norte que mais se confia (69%), sendo nas áreas
metropolitanas do Porto e de Lisboa que se regista menor segurança (55% e 58%,
respetivamente).
A
maioria dos inquiridos discorda que a vacina seja obrigatória mas esta é a
pergunta que mais divide - a obrigatoriedade é defendida por 45%, enquanto 48%
respondem que deve "ser uma escolha pessoal". O Norte é a única
região onde metade considera que deve ser obrigatória. Nos homens, 49% defendem
a obrigatoriedade, enquanto a maioria das mulheres prefere que seja opcional.
Ordem
pede equidade
O
bastonário e o Gabinete de Crise para a covid-19 da Ordem dos Médicos pediram
ontem transparência, equidade e fundamentação na vacinação contra o novo
coronavírus, manifestando disponibilidade para colaborar no plano nacional.
Impacto
só em 2021
O
impacto da vacinação contra o novo coronavírus só deve sentir-se em Portugal (e
no Mundo) no fim de 2021, mesmo que as primeiras pessoas sejam imunizadas a
partir de janeiro, segundo especialistas ouvidos pela agência Lusa. Será
preciso haver vacinas suficientes para inocular cerca de metade da população e
conseguir o efeito da imunidade de grupo (Jornal de Notícias, texto da
jornalista Alexandra Inácio)
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