quarta-feira, julho 08, 2020

Vírus pode ter estado adormecido algures antes de surgir na China, diz investigador de Oxford. É “necessária” uma investigação

Para justificar a sua teoria, Tom Jefferson, da Universidade de Oxford, recordou as várias descobertas de amostras do vírus em Espanha, Itália e Brasil, antes mesmo de este ter sido detetado no mercado na cidade chinesa de Wuhan. Os vírus “não vêm de lado nenhum, simplesmente há algo que os acorda”. O vírus SARS-CoV-2 pode ter estado adormecido algures no mundo antes de ter surgido na China. Foi isso que defendeu, em entrevista ao “Daily Telegraph”, um investigador da Universidade de Oxford, Tom Jefferson. Para justificar a sua teoria, o investigador recordou as várias descobertas de amostras do vírus em Espanha, Itália e Brasil, antes mesmo de este ter sido detetado no mercado na cidade chinesa de Wuhan.
JÁ EM MARÇO DE 2019 O VÍRUS CIRCULAVA EM ESPANHA, APONTA ESTUDO
Uma equipa de virologistas da Universidade de Barcelona afirmou recentemente ter detetado o vírus numa amostra de águas residuais recolhida em Barcelona, em março de 2019, nove meses antes de ter sido identificado o primeiro caso na China. “Esta descoberta surpreendente indica que o vírus estava a circular na cidade muito antes da confirmação de covid-19 no mundo”, afirmaram os investigadores em comunicado.

Houve quem, no entanto, se tivesse mostrado cético em relação às conclusões do estudo, ainda em fase de pré-publicação. É o caso de uma investigadora catalã, Damià Barceló,que questionou a metodologia seguidas pelos virologistas - uma vez que “uma análise a águas residuais pode dar muitos resultados”, “não é como testar sangue” - e de Pilar Domingo, virologista da Universidade de Valência, que defendeu, ao “El País”, que “faltam dados científicos para avaliar corretamente o resultado”; e que os investigadores podem não estar “incorretos”, mas simplesmente “os valores que apresentam estão muito próximo do limiar negativo”.
Já antes disso, o Instituto Superior de Saúde Italiano publicou um estudo segundo o qual o novo vírus já estaria presente nas águas residuais de Milão e Turim em dezembro de 2019, dois meses antes de ter sido detetado o primeiro caso de infeção no país. Para a realização do estudo foram “examinadas 40 amostras de águas residuais” recolhidas em outubro de 2019 e fevereiro de 2010”, tendo os resultados confirmado a presença de RNA (ácido ribonucleico, elemento essencial de um vírus) da covid-19 nas amostras colhidas em Milão e Turim, explicava o instituto em comunicado. De acordo com uma notícia da Lusa, traços idênticos haviam sido já encontrados nas águas residuais de Bolonha em 29 de janeiro de 2020, sendo que o primeiro caso oficial de Itália foi detetado a 20 de fevereiro, na pequena cidade de Codogno, não muito longe de Milão.
OS VÍRUS “NÃO VÊM DE LADO NENHUM, SIMPLESMENTE HÁ ALGO QUE OS ACORDA”
Segundo Tom Jefferson, todas estas descobertas são prova de que o vírus já estava presente muito antes de se ter dado conta dele, encontrando-se apenas “à espera” de condições favoráveis para emergir. Assim aconteceu em parte, explicou, durante a gripe espanhola, em 1918, quando 30% da população da Samoa, na Polinésia, morreu infetada com o vírus. “A explicação é que este tipo de agentes patogénicos não vêm nem vão a lado nenhum. Há sempre algo que os ‘acorda', como a densidade populacional ou as condições ambientais, e é para isso que devemos olhar.”
Daí, acrescentou, ser “tão importante” investigar as origens do vírus da covid-19 e fazê-lo em dois locais específicos: indústria alimentar e, em concreto, a indústria ligada às carnes. Porquê? Porque “há evidências de que existem grandes quantidades de vírus nos vários esgotos, e evidências de que há transmissão fecal”. A “concentração” de vírus é “sobretudo elevada nos esgotos que se encontram a quatro graus, temperatura essa a que estão” muitas destas fábricas onde se embala carne (Expresso, texto da jornalista Helena Bento)

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