sábado, julho 25, 2020

Estes países chegaram a ser modelos de sucesso no combate à Covid-19. Mas tudo mudou...

Apesar de as atenções, e as críticas, estarem concentradas na gestão da pandemia que o país que mais casos positivos da Covid-19 está a fazer, os Estados Unidos, o insucesso de outras abordagens está a vir à tona, e ameaçam dividir os holofotes, à medida que voltam a registar aumentos nos novos casos e mortes. Falamos de países outrora elogiados pelas suas respostas rápidas e eficazes no combate à Covid-19 e que agora estão a ser obrigados a lidar com surtos significativos e ressurgimentos da infeção, o que nos leva a crer que o sucesso em conter o vírus tem sido temporário.

Hong Kong
Hong Kong foi elogiado pela sua rápida resposta em janeiro, quando implementou medidas que incluíram o mapeamento do vírus, distanciamento social, incentivo à lavagem das mãos e outras medidas de proteção. O governo tomou medidas adicionais para conter uma segunda vaga em março, quando a população começou a regressar à cidade, trazendo o vírus de volta com eles. As autoridades impediram os não residentes de entrar em Hong Kong, interromperam a utilização do aeroporto da cidade e implementaram quarentena e testes rigorosos nas chegadas. Os ginásios foram encerrados, a venda de álcool proibida em bares, e os restaurantes e cafés foram fechados ou instalaram medidas extra de segurança.
Durante muitas semanas, os casos diários de coronavírus foram reduzidos a um dígito e às vezes zero. Mas agora as autoridades de Hong Kong alertam para um “crescimento exponencial” nos casos de coronavírus apenas algumas semanas após o relaxamento das restrições. Ainda assim, a região enfrenta uma “terceira onda” de infeções desde 6 de julho.
Na sexta-feira, Hong Kong confirmou o registo de 123 casos, o maior aumento num só dia desde o início da pandemia, segundo autoridades de saúde. Reuniões públicas foram limitadas a quatro pessoas novamente (depois de ter sido aumentado para 50), os ginásios foram fechados e os viajantes que cheguem agora devem mostrar um teste negativo.
Pela primeira vez, passou a ser obrigatório o uso da máscara, embora muitos dos seus cidadãos já a usassem, e está a ser pedido que fiquem em casa. No total, Hong Kong registou 2.372 casos da Covid-19.
Austrália
A Austrália era outro país considerado padrão pela sua resposta à pandemia. A 1 de fevereiro, a Austrália juntou-se aos EUA para fechar as suas fronteiras a visitantes estrangeiros que haviam estado recentemente na China. Quando o vírus se espalhou, proibiu entradas do Irão, Coreia do Sul e Itália (logo no início de março), antes de fechar as fronteiras para todos os não cidadãos e não residentes a 19 de março. O país proibiu reuniões públicas e viagens não essenciais, de entre uma série de restrições durante muito tempo, conseguindo que o surto tenha sido considerado amplamente controlado.
A 8 de maio, o primeiro-ministro australiano Scott Morrison anunciou um plano para reabrir o país, num processo gradual até julho, passando a suspender as medidas de distanciamento social. À data tinha quase 7 mil casos relatados e 97 mortes.
Apesar de ter sido controlado como um exemplo de sucesso, a 7 de julho, foi forçado a isolar 6,6 milhões de pessoas no estado de Victoria, após um surto de vírus na cidade de Melbourne. E agora já fechou a fronteira entre Nova Gales do Sul e Victoria, devido ao aumento de casos neste último estado. Devido a esta situação, o bloqueio foi reintroduzido e as máscaras passaram a ser obrigatórias no último final desta semana. Comprar comida, fazer exercício, ir ao trabalho e cuidar são as únicas exceções ao pedido de confinamento em Melbourne e na área circundante.
Victoria registou 403 novos casos de Covid-19 na quarta-feira, de acordo com o primeiro-ministro Daniel Andrews, o terceiro maior aumento diário de casos desde o início da pandemia, um pouco abaixo do recorde de 484 novos casos na terça-feira. A Austrália agora tem mais de 13 mil casos e 140 mortes, segundo a Universidade Johns Hopkins (JHU).
Japão
O Japão também parecia ter respondido efetivamente ao coronavírus. A 25 de maio, o primeiro-ministro Shinzo Abe suspendeu o estado de emergência, afirmando ter conseguido “vencer o surto em cerca de um mês e meio”, avançando que o país aumentaria gradualmente as atividades sociais e económicas para criar uma “nova vida” com o coronavírus.
As atividades comerciais e sociais regressaram, com os museus e as instalações desportivas a voltarem com novas condições de segurança e que as escolas acompanharam o movimento. O governo japonês até lançou uma nova iniciativa de viagens para incentivar as viagens domésticas.
Mas as infecções começaram a aumentar, e o Japão registou a sua maior contagem diária de 981 casos, esta quinta-feira, segundo o Ministério da Saúde, junto com duas mortes. O número total de casos no Japão é agora quase 29.000, com 994 mortes, de acordo com a JHU.
O governador de Tóquio, Yuriko Koike, anunciou o registo recorde de 366 novos casos de Covid-19 – a primeira vez que supera a marca dos 300. Dos pacientes, 60% têm entre 20 e 30 anos, de acordo com Koike. Na semana passada, o governo anunciou que retirava as viagens para Tóquio do novo programa de viagens, sendo que os residentes de Tóquio também seriam excluídos.
Israel
Durante meses, Israel também parecia ser um modelo internacional de sucesso com coronavírus. Com as restrições precoces de viagens e os amplos encerramentos, o país conteve a disseminação do vírus, registando uma taxa de mortalidade muito melhor do que muitos países do mundo ocidental. Enquanto o coronavírus atravessava os EUA e a Europa, Israel já se movia em direção à reabertura.
A 18 de abril, quase exatamente dois meses depois de ter descoberto o seu primeiro caso, Netanyahu declarou que o país havia conseguido vencer a sua luta, estabelecendo um exemplo global “para salvaguardar a vida e bloquear o surto da pandemia”. E até previu que Israel também seria um exemplo na recuperação da economia.
Mas apenas algumas semanas após a reabertura de restaurantes, centros comerciais e praias, Israel passou a assistir a um aumento nos casos de coronavírus, aproximadamente 20 novos casos por dia em meados de maio para mais de 1.000 menos de dois meses depois.
No início de julho, Netanyahu anunciou que ginásios, escolas, piscinas, salas de eventos, bares e muito mais encerrariam indefinidamente, enquanto restaurantes e locais de culto funcionariam com um número limitado de assistência. A 17 de julho, Israel reimprimiu uma série de limitações, aproximando o país de um segundo bloqueio completo, com os casos atingindo outro recorde diário. O governo anunciou que os restaurantes seriam limitados ao serviço de entrega, as reuniões limitadas a 10 pessoas em ambientes fechados e as lojas, museus e salões fechariam aos fins de semana. Desde sexta-feira, as praias também fecham aos fins de semana.
Na quinta-feira, Israel atingiu um novo recorde de 1.819 novos casos em 24 horas. O recorde anterior de 1.758 foi estabelecido um dia antes (Executive Digest, texto da jornalista Sonia Bexiga)

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