A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou
esta sexta-feira para o aumento de casos de pessoas doentes com covid-19 mais
novas que acabam nos cuidados intensivos ou por morrer, uma tendência para a
qual ainda não há explicação. "Há cada vez mais pessoas dos grupos
etários mais jovens, nas faixas dos 30, 40 ou 50 anos, que estão nos cuidados
intensivos e que estão a morrer", afirmou em conferência de imprensa na
sede da organização, em Genebra, a diretora do programa de emergências
sanitárias da OMS, Maria Van Kerkhove. Salientou que isso não significa uma mudança
no padrão da doença, que continua a afetar mais gravemente pessoas com mais
idade e que tinham problemas prévios antes de serem contagiadas com o novo
coronavírus. "Ainda falta algum tempo antes de entendermos como é a
mortalidade nos diferentes países", afirmou, considerando que é
"difícil e enganador" comparar taxas de letalidade entre países em
fases diferentes da doença. A taxa de letalidade calcula-se dividindo o número
de pessoas que morreram pelo número de casos confirmados e há "diferenças
significativas" no que os países estão a fazer para detetar casos, como os
critérios que seguem para fazer testes.
O diretor geral da OMS, Tedros Ghebreyesus,
defendeu que é preciso levantar as barreiras financeiras que existam ao acesso
de pessoas aos cuidados de saúde, argumentando que os países que não o fizerem
estarão a "prejudicar-se a si próprios e a colocar a sociedade em
risco". É preciso suspender as taxas de acesso aos cuidados de saúde e
garantir testes gratuitos a toda a gente, tenham ou não seguros de saúde, e
independentemente do seu estatuto de cidadão, refugiado ou migrante, defendeu.
Tedros Ghebereyesus reforçou ainda o apelo para que o combate à pandemia não
desvie atenção de outros aspetos essenciais da saúde mundial, como a
erradicação de doenças como a poliomielite, para as quais é preciso continuar
as campanhas de vacinação.
O diretor da OMS alertou ainda para que as
autoridades de cada país garantam o combate à violência doméstica, cujo risco
aumenta com a necessidade de isolamento social e que pode afetar, sobretudo,
"mulheres em relações abusivas e crianças" que se veem privadas de
contactos sociais. O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19,
já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram
perto de 55 mil. Em Portugal, segundo o balanço feito esta
sexta-feira pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 246 mortes, mais 37 do
que na véspera (+17,7%), e 9.886 casos de infeções confirmadas, o que
representa um aumento de 852 em relação a quinta-feira (+9,4%).
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