sexta-feira, abril 24, 2020

Notas: os desafios do chamado pequeno comércio


Não tenho dúvidas que as pequenas e médias empresas, sobretudo as ligadas ao sector do pequeno comércio, vão ter que passar por uma mudança urgente de hábitos adoptando de forma consistente novos procedimentos nas relações com os consumidores, implementando um novo modelo de negócio que, devido aos efeitos desta pandemia e à mudança de hábitos dos consumidores, terá que assentar e valorizar muito mais do que até hoje era feito, a sua componente digital.
Julgo que os consumidores, pelo menos até que apareça uma vacina eficaz - e lembro que todos pos testes realizados até hoje falharam, embora muitos estejam ainda em curso - e até que tenham as garantias de segurança da sua saúde, dificilmente retomarão hábitos e procedimentos anteriores à pandemia.
Seria bom que os pequenos comerciantes começassem a pensar muito a sério nisso, a repensarem a própria estrutura física das lojas, o modelo de exposição de produtos e a circulação no seu interior, para evitarem o colapso. Penso também que que as associações empresariais devem começar a desenhar programas de apoio a essa reconversão, no fundo dando uma atenção reforçada a vários itens que até ao surgimento desta pandemia não eram suficientemente valorizados, nomeadamente a presença de uma eficaz e devidamente dimensionada componente digital nestes pequenos negócios. Pensem nisso.
Repito, neste regresso à indevidamente chamada "normalidade" - porque estamos a falar apenas da suavização das regras de confinamento muito vigiado e muito cuidadoso - existem duas fases: uma que se manterá até que a vacina seja descoberta e outra, depois dessa comercialização generalizada da vacina aos cidadãos for garantida.
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É muito importante, nesta fase em que se prepara a suavização progressiva das regras de desconfinamento, que as associações empresariais se preparem rapidamente para uma nova realidade, para uma nova forma de estar e de lidar com os seus associados.  Haverá novas exigências, que até hoje nunca foram valorizadas. Haverá novas prioridades que decorrem das mudanças impostas pela pandemia. E muito fracamente acho que esse reenquadramento das associações empresariais a esta nova realidade, a uma nova dinâmica, a uma nova forma de estar e de consumir por parte da sociedade e das pessoas, ainda não está devidamente interiorizada. Julgo haver quem pense que o regresso ao passado, à tal "normalidade" ficcional, será possível e rápido. Desiludam-se. Criem já uma estrutura interna inteiramente dedicada a analisar esses novos desafios, que vão surgir rapidamente, a pensar nessa nova realidade comercial e económica em geral, a essas mudanças, a uma nova visão da sociedade e do consumo. E chamem quadros jovens e formados a esse trabalho, com ideias novas, com perspectivas de vida que precisam de renovação nesta lógica de um mundo novo pós-pandemia.
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Eu não tenho dúvidas de que pequenos estabelecimentos comerciais, as chamadas mercearias com venda de produtos vegetais e frutas frescas, passarão a ter uma maior procura, depois da pandemia, do que tinham antes. As epssoas tendem a evitar as grandes superficies, onde há mais concentração de pessoas, pelo que a escolha por esses negócios mais pequenos e de controlo de  acessos mais facilitado, vai aumentar. O segredo desses negócios, na minha opinião, será duplo: qualidade dos produtos frescos à venda, e consequente manutenção da oferta a níveis capazes de responder à procura e, em segundo lugar, controlo rigoroso do acesso e do cumprimento das regras de distanciamento social e de higiene pessoal (gel). E nem falo no aumento exponencial da importância das opções comerciais que este tipo de estabelecimentos têm vindo a conquistar em grande medida devido à diversificação da oferta disponibilizada durante a pandemia (LFM)

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