quinta-feira, abril 09, 2020

Nota: Rui Pinto ou será um "bluff" ou vai gerar um escandaloso mega-tsunami

Muito sinceramente acho que podemos estar no limiar de um escândalo de proporções inimagináveis, caso o hacker Rui Pinto - que esta semana foi colocado em prisão preventiva alegadamente a troco com um, acordo com as entidades judiciais e com a PJ, via Ministério Público - esteja na posse de informações passíveis de causar um abalo em Portugal, a vários níveis da sociedade.
Das duas uma, ou Rui Pinto está a fazer bluff e pretende manipular a justiça e as autoridades policias em seu benefício, ou estamos perante uma realidade bem verdadeira cujas consequências são inimagináveis neste momento.
Se Rui Pinto foi transferido da prisão preventiva em que se encontrava - e que gerou protestos generalizados em Portugal e no estrangeiro - para prisão domiciliária - recordo que ele foi acusado de não seu quantos crimes, muitos foram retirados por falta de provas além de que o julgamento e consequente condenação do hacker ainda não se efectivaram - e que essa mudança resultou de um acordo com as autoridades judiciais, nomeadamente de colaboração com a PJ para desencriptar os 10 ou 12 discos rígidos com milhões de documentos e aos quais as autoridades não conseguiram aceder, então estamos perante um potencial megatsunami que vai provavelmente arrasar muita coisa e destruir muitas ilegalidades que existem nos subterrâneos mais porcos da nossa sociedade, envolvendo áreas de actividade que deviam ser, pela sua natureza e missão, imunes a este tipo de corrupção de colarinho branco altamente sofisticada.
Não é de estranhar o incómodo entre os advogados que se reúnem nas mais conhecidas empresas de Lisboa (e não sói...), porque foram exactamente dados "sacados" pelo hacker a uma delas que abriram caminho à denúncia do escândalo Luanda Leaks de Isabel dos Santos e da antiga nomenclatura do poder angolano. Aliás, não é por acaso, mas foi esclarecedor, que o marido de Isabel dos Santos, dois dias depois do escândalo ter rebentado na comunicação social, tenha acusado o hacker de ter sido o responsável pela sua divulgação. As consequências deste caso ainda são inimagináveis, mas já deixaram uma marca de escândalo, suspeição e de relações perigosas entre a justiça e empresários suspeitos de alegados actos de gestão danosa, desvio de fundos, fuga aos impostos ou corrupção neste caso do Luanda Leaks.
Aliás, basta ouvir alguns comentadores televisivos na área da justiça para percebermos o incómodo que este caso tem causado (e causa) e que o entendimento de Rui Pinto com as autoridades está a suscitar apreensão. Há pessoas claramente nervosas e há muito incómodo nas reacções a esta situação. Suspeito que há quem tenha ficado com a Páscoa ainda mais estragada do que já estava.
Basta lembrar que outros casos, envolvendo o ex-BES, a EDP, o ex-Ministro Manuel Pinho, etc alegadamente tiveram origem em denúncias do hacker que quando se encontrava detido por causa de um crime (envolvendo a Doyen, empresa ligada a transferências de jogadores de futebol), admitiu estar na posse de milhões de documentos que se forem divulgados podem ruir com o próprio estado em Portugal. As pessoas ficaram incrédulas e temerosas.
Afinal o que sabe o hacker? Que documentos tem ele em seu poder? Porque motivo entidades policiais e judiciais de outros 8 ou 10 países, europeus e não europeus, anunciaram que pretendiam ter um entendimento com o hacker para acederem aos documentos roubados ilegalmente de servidores, contas de email, sistemas informáticos de empresas, clubes, departamentos oficiais, estruturas de justiça, contas pessoas de magistrados, jogadores de futebol, governantes, gestores, advogados, etc?
Mas suspeito que o mundo do futebol deve estar à beira de uma diarreia colectiva, pois se esse entendimento entre Rui Pinto e o Ministério Público se confirmar - e desconheço como é que os dados que vierem a ser apurados podem ser utilizados na investigação dos vários processos pendentes, processualmente falando - deve estar à beira de uma loucura colectiva, nomeadamente nos principais clubes, suspeitos de casos de alegada corrupção, de aldrabices desportivas, de ilegalidades com as transferências de jogadores, de pagamentos ocultos até a gestores dos clubes, de contas secretas no estrangeiro nas quais circularia o dinheiro de transferências de futebolistas, do pagamento de comissões não declaradas a empresários, dirigentes e jogadores, de subornos, etc, tudo acusações feitas de uma forma muito genérica, sem suporte documental, sem provas processuais, tudo isto porque a justiça alegadamente suspeita da veracidade das insinuações - porque não passa disso mesmo - mas esbarrou na impossibilidade de poder comprovar tudo isso.
Na impossibilidade, por uma razão facilmente entendível: as autoridades policiais apenas conseguiram aceder a 2 dos 12 ou 14 discos que Rui Pinto tinha, todos eles alegadamente encriptados com uma linguagem de protecção altamente sofisticada. A PJ andou mais de um ano a colocar todos os seus especialistas - acho que chegou a contratar estrangeiros e a pedir a colaboração de policiais estrangeiras, mas não resolveram nada.
Suspeito que Rui Pinto soube sempre - e os seus advogados também - que esses discos encriptados foram sempre uma espécie de seguro de vida de Rui Pinto, uma garantia de que seria alvo de um tratamento diferenciado e que a justiça portuguesa, mais cedo ou mais tarde, à medida que se confrontasse com a sua incompetência técnica para aceder a essa informação encriptada - que precisa para não sair com uma imagem pública degradada por causa da paralisação de todos esses processos em que está envolvida - acabaria por celebrar um acordo com o hacker português que, recordo, foi detido na Hungria onde se encontrava a ver.
Não foi por acaso que Rui Pinto tenha garantido, em mensagem divulgada depois de estar detido, que se o entendesse divulgaria informações que abalariam o estado português, destruiriam muitos mitos e causariam um escândalo público inimaginável. O hacker jogou o tempo todo com isso, com essa insinuação, com essas ameaças.
Mas não é pacifico o nosso posicionamento ético neste caso. E explico.
Por um lado, é entendimento nosso e de todas as pessoas, da sociedade portuguesa em geral, que tudo o seja aldrabice e corrupção de colarinho branco, tudo o que sejam relações promiscuas que envergonham o mundo empresarial, desportivo, judicial, etc, tem que ser denunciado, investigado, acusado e julgado e condenado se for esse o entendimento dos Tribunais.
Mas há uma linha vermelha na lógica profissional do jornalismo puro e duro que exige dos profissionais cautelas, nomeadamente não confundindo os métodos ilegais usados pelo hacker na obtenção de documentação polémica, e o acesso pela justiça a toda essa informação obtida, mesmo nessas circunstâncias, Obviamente que alguns agentes ligados à justiça de refugiam em preciosismos tentando ganhar tempo e impedir que esse acesso seja permitido.
Mas a sociedade em geral exige que a justiça dê esse passo,que denuncie o lixo que conspurca a nossa sociedade e a ameaça em diferentes níveis, e que não seja ela própria, a justiça em geral, um travão ao apuramento dos factos, da verdade e dos criminosos, doa a quem doer.
Mas os jornalistas debatem-se com questões 
éticas e deontológicas essenciais.
A preservação das nossas fontes (CVP nº 134-A) é essencial, é um dos segredos que sustentam o jornalismo sério, fundamentado e credível. Por isso, se é legitimo que os jornalistas reclamem que a justiça tenha acesso a toda a documentação escandalosa alegadamente na posse de Rui Pinto, também esbarramos imediatamente com o perigo que esses procedimentos de devassa usados pelo hacker podem representar, ameaçadoramente, para o jornalismo em geral, para as redacções, para os profissionais individualmente, caso o acesso o sistemas informáticos, contas pessoais de email e a outras estruturas ou serviços das empresas de comunicação social, fosse formalizado ilegalmente por "artistas" da informática como o Rui Pinto.
É aqui que os jornalistas encontram uma imensa parede, entre o desejo legítimo de verem tudo escalpelizado e denunciado e o receio de que um eventual incentivo deste caminho não poupe nem os jornalistas impedindo que eles se livrem do risco de de serem também vasculhados por estes informáticos..."desajustados"! (LFM)
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Nota: soubemos hoje que o hacker Rui Pinto em vez de ir para a sua residência em prisão domiciliária, continuará em prisão domiciliária nas instalações da PJ, para sua própria protecção. Sintomático

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