quarta-feira, abril 22, 2020

Covid-19: companhias aéreas já estão a receber milhões do Estado na Europa e EUA

São centenas de milhares de milhões de euros que as companhias aéreas mundiais irão receber nos próximos meses. Para já estão em cima da mesa apoios fiscais, empréstimos, alguns garantidos, e subvenções. Outrora senhoras dos ceús, as companhias aéreas estão de mão estendida para o Estado, e praticamente ninguém escapa a este destino, nem empresas com um balanço forte como era, por exemplo, a alemã Lufthansa, antes da crise provocada pela pandemia. Grande parte das companhias europeias e norte-americanas estão neste momento com planos de apoio à sobrevivência já em andamento ou em negociação com os respetivos governos. É a única forma de garantir a continuidade e manter os milhares de postos de trabalho. Dominam para já os empréstimos garantidos ou com juros mais baixos e as subvenções, muito adotadas nos EUA. A generalidade das companhias terão apoios em matéria fiscal. São milhares de milhões de euros (e dólares) de ajudas: vão desde um pacote de 25 mil milhões de dólares para o sector de aviação norte-americano, a 600 milhões de libras para a EasyJet, a lucrativa low cost, que hoje, tal como a generalidade das transportadoras, tem a frota de aviões em terra. Não há ainda aumentos de capital, e por agora a única companhia que tem em cima da mesa um cenário de nacionalização é a Alitália, companhia que antes de ter sido afetada pela paralisação das companhias áreas mundiais, já estava a enfrentar graves dificuldades.

A TAP é uma das companhias onde há menos visibilidade sobre o que irá acontecer em matéria de apoio estatal. Soube-se na semana passada que a administração da transportadoras já tinha pedido o apoio do Estado. E que o caminho preferido dos privados para salvar a companhia, nomedamente do norte-americano David Neeleman, é uma emissão obrigacionista com garantia de Estado.
Mas a procissão ainda vai no adro, e nem o ministro das Finanças, Mário Centeno, nem o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, abriram ainda o jogo. Eventualmente estão também ainda à espera das linhas de orientação de Bruxelas para recapitalizações, que pediu contributos aos Estados Membros sobre esta matéria, e está no momento a digerir a informação, esperando muito em breve avançar com as baias em que os auxílios de Estado serão dados.
Seja como for haverá sempre condições. Ou seja, os auxílios de Estado, tal como aconteceu com os bancos, irá a obrigar a sacríficios, e um deles, o mais óbvio , será em princípio a suspensão de dividendos e prémios de gestrão.
As subvenções dada pelo governo americana estão naturalmente acompanhadas de condições. Não há almoços grátis.
Eis como estão alguns processos de auxílios de Estado na Europa:
- Lufthansa: As ajudas ainda estão em negociações com o governo Alemão, Suíço, Belga e Austríaco.
- AirFrance-KLM: Está ainda em negociações com os governos francês e holandês no sentido de vir a obter ajuda
- EasyJet: O Banco de Inglaterra já concedeu empréstimo 600 milhões de libras com garantia de Estado
- VirginAtlantic: Está em negociação com o governo do Reino Unido.Em cima da mesa está um pacote de 500 milhões de libras sob a forma de empréstimos e garantias
- Norwegian: Já está negociado com o governo norueguês um empréstimo garantido. E a primeira tranche, de cerca de 27 milhões de euros já chegou. O pacote global de auxílio de 3 mil milhões coroas norueguesas (266 milhões de euros) oferecidos pelo Governo Norueguês. Serão impostas condições.
- Finnair: O governo finlandês, detentor de 56% da companhias, fez um empréstimo garantido de 600 milhões de euros.
- SAS: Os governo sueco e dinamarquês garantem um empréstimo de 276 milhões de euros
- TUI (alemã): A companhia já tem empréstimo estatal no montante de 1,8 mil milhões
E nas companhias norte-americanas
Um pacote global de 25 mil milhões de dólares de apoio estatal.
- Delta: Vai receber uma ajuda de Estado no montante de 5,4 mil milhões de dólares, dos quais 3,8 mil milhões são na forma de uma subvenção e 1,6 mil milhões na forma de um empréstimo a 10 anos, mas sem garantia de Estado
- United: Irá receber do Tesouro norte-americano 5 mil milhões de dólares, dos quais 3,5 mil milhões são na forma de uma subvenção e 1,5 mil milhões na forma de um empréstimo a 10 anos, mas sem garantia.
- American Air Lines: Irá receber ajuda de Estado no montante de 5,81 mil milhões de dólares, dos quais 3,5 mil milhões são na forma de subvenção e 1,5 mil milhões na forma de um empréstimo a 10 anos (não garantido).
- JetBlue: Vai receber ajudas de Estado no total de 935,8 milhões de dólares, dos quais 685,1 milhões são na forma de uma subvenção e 250,7 milhões na forma de um empréstimo a 10 anos (não garantido). (Expresso, pela jornalista Anabela Campos)

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