sexta-feira, abril 17, 2020

Aviação civil revê em alta estimativa de perdas para 290 mil milhões de euros


A confirmarem-se estas estimativas, datadas de 14 de abril, as perdas do setor mundial da aviação civil representariam um recuo de 55% face às receitas obtidas no ano de 2019. A IATA – Associação Internacional de Transporte Aéreo reviu em alta as suas mais recentes estimativas, prevendo agora que as perdas do setor mundial da aviação civil em 2020 devido ao surto do coronavírus ascendam a cerca de 290 mil milhões de euros (314 mil milhões de dólares, ao câmbio atual).
Em termos de comparação, este ‘buraco’, se se concretizar, equivale a quase uma vez e meia o PIB – Produto Interno Bruto português no ano passado (cerca de 232 mil milhões de euros). A confirmarem-se estas estimativas, a que o Jornal Económico teve acesso, datadas de 14 de abril, passada terça-feira, as perdas do setor mundial da aviação civil representariam um recuo de 55% face às receitas obtidas no ano de 2019.

Esta revisão das previsões corresponde a um agravamento em cerca de 25% face às anteriores estimativas, divulgadas há cerca de três semanas. Recorde-se que no passado dia 24 de março, a IATA previa que as perdas de receitas no setor iriam equivaler a cerca de 212 mil milhões de euros, o que significaria uma quebra de 44% face às receitas de 2019, partindo de um cenário com sérias restrições ao tráfego aéreo durante três meses.
“A atualização destes dados reflete um aprofundar significativo da crise desde essa data, e os seguintes parâmetros: sérias restrições domésticas [de tráfego aéreo] durante três meses; algumas restrições nas viagens aéreas internacionais para além dos três meses iniciais; um impacto severo a nível mundial, incluindo África e a América Latina (que registavam uma pequena presença da doença e se esperava que fossem menos impactados na análise de março); a procura, doméstica e internacional, por parte dos passageiros em todo o ano [de 2020] deverá cair 48% em comparação com 2019″, esclarece um comunicado da IATA.
O mesmo documento acrescenta que os dois principais indicadores macroeconómicos a ter em atenção para o setor da aviação civil a nível mundial é o facto de o mundo estar a dirigir-se para uma recessão global e de as restrições de tráfego aéreo irem aprofundar a recessão da procura por viagens.
“A perspetiva da indústria fica mais negra a cada dia que passa. A escala da crise torna pouco provável uma recuperação em forma de V. De forma realística, deverá ser uma recuperação em forma de U, com o tráfego doméstico a recuperar a um ritmo mais rápido que o mercado internacional. Podemos ver mais de metade das receitas de passageiros desaparecer. Será um golpe de cerca de 290 mil milhões de euros. Diversos governos já avançaram com novas ou alargadas medidas de alívio financeiro, mas a situação permanece crítica. As companhias aéres poderão ‘queimar’ cerca de 56 mil milhões de euros em reservas de caixa apenas no segundo trimestre. Isso coloca em risco 25 milhões de empregos [diretos] dependentes da aviação. E sem um apoio imediato, muitas companhias aéreas não sobreviverão para liderar a recuperação económica”, alerta Alexandre de Juniac, CEO e diretor-geral da IATA, no documento a que o Jornal Económico teve acesso.
Segundo esse documento, a IATA prevê que a capacidade de lugares disponibilizados pelo setor da aviação civil mundial no segundo trimestre deste ano tenha registado uma quebra de 65% face ao período homólogo de 2019. As previsões de recuos neste mesmo indicador são da ordem dos 35% no terceiro trimestre e de 10% no quarto trimestre, o que indicia que a recuperação desta indústria vai demorar. A IATA contabilizou também cancelamentos de 3,5 milhões de voos até 30 de junho (Jornal Económico)

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