Num mês marcado pela aprovação do Orçamento do Estado
para 2018 e pela eleição de Mário Centeno no Eurogrupo, os portugueses votam
mais no PS mas parece que já sentem saudades de Passos. Conclusões são do
barómetro da Eurosondagem para o Expresso e a SIC. No mês em que a esquerda
conseguiu aprovar o Orçamento do Estado –mesmo com fortes embates a marcar a
reta finalíssima das negociações – e que ficou também marcado pela eleição de
Mário Centeno como presidente do Eurogrupo, os portugueses voltam a confiar no
PS, que sobe duas décimas nas intenções de voto e continua a não descer dos
40%, como vem acontecendo desde junho. Em sentido contrário, o PSD desce meio
ponto – é a maior variação que se regista nas intenções de voto - e fica pelos
27,9%, pelo que se mantém abaixo dos 30%, uma tendência que se mantém desde
janeiro. As conclusões são do barómetro da Eurosondagem para o Expresso e a SIC
que foi conduzido entre 6 e 12 de dezembro.
Não há tendências de mudança que
abranjam toda a esquerda ou toda a direita: se PS e CDU sobem, com percentagens
residuais (mais duas décimas para os socialistas e uma para os comunistas), o
Bloco de Esquerda desce (também com apenas menos uma décima); e se o PSD desce
meio ponto, o CDS consegue crescer três décimas. Os participantes deste
barómetro foram inquiridos já durante a revelação do escândalo Raríssimas e
deram a sua opinião depois de um mês que começou com as negociações finais do
Orçamento do Estado para 2018. A esquerda acabou por conseguir aprovar o
documento, com importantes bandeiras do PCP e BE a serem aprovadas - e com os
dois partidos a desentenderem-se sobre quem deveria ficar com os louros por
algumas delas, como o fim do corte de 10% no subsídio de desemprego ou o
aumento de dois pontos da derrama estadual para as empresas com mais lucros. No
entanto, as negociações acabaram com um travo amargo para a maioria
parlamentar: com o PS a mudar o seu sentido de voto em relação à proposta do Bloco
para taxar empresas de energias renováveis, os bloquistas acabaram por acusar o
Governo de não "honrar" a sua palavra e de ser, como dizia Catarina
Martins em entrevista ao Expresso, "permeável" aos grandes interesses
económicos. O PS não gostou e Carlos César respondeu, dizendo não aceitar a
"superioridade moral" nos seus parceiros. No fim, regista-se, segundo
o barómetro da Eurosondagem, uma subida na popularidade de Catarina Martins
(uma variação positiva de 1,5%) mas do lado dos comunistas, Jerónimo de Sousa
leva um rombo: a sua popularidade cai 1,1 pontos percentuais, sendo o único de
todos os líderes partidários que desce.
PASSOS TEM MAIS ENCANTO NA HORA DA DESPEDIDA?
Em terras sociais-democratas, parece que Passos Coelho
tem mesmo mais encanto na hora da despedida: o líder cessante do PSD tem
direito a uma subida de três pontos, a maior de todas, ficando com um saldo
total de 5,9%. Podem ser saudades por antecipação, numa altura em que Rui Rio e
Santana Lopes já andam no terreno a disputar a liderança (e em várias trocas de
'bocas', seja por causa das declarações do mandátário de Rio, Morais Sarmento,
que disse que se for para "andar à volta" prefere votar em Costa e
depois admitiu ter-se expressado mal; seja por causa da marcação dos debates
entre os dois candidatos). A popularidade de Passos, em níveis absolutos, só
fica atrás de Assunção Cristas (que tem um saldo total de 7,6%). Este mês, a
líder centrista teve um duro embate com o primeiro ministro no Parlamento:
Costa criticou os "artigozinhos" que Cristas escreve "na frieza
do seu gabinete" e concluiu que a postura da centrista a
"desqualifica para qualquer consenso". No campo da presidência, não
há novidades: Marcelo soma e segue, numa tendência que parece inalterável, e regista
agora um saldo total de 63%. Já o Governo fica sete décimas menos popular -
mesmo que o seu líder, António Costa, mereça mais aprovação dos portugueses,
com uma subida de três décimas relativamente ao barómetro de novembro.
Ficha técnica
Estudo de opinião efetuado pela Eurosondagem S.A. para
o Expresso e SIC, nos dias 6 A 12 de DEZEMBRO de 2017. Entrevistas telefónicas,
realizadas por entrevistadores selecionados e supervisionados. O universo é a
população com 18 anos ou mais, residente em Portugal Continental e habitando
lares com telefone da rede fixa. A amostra foi estratificada por região: Norte
(20,2%) — A.M. do Porto (13,6%); Centro (29,7% — A.M. de Lisboa (26,6%) e Sul
(9,9%), num total de 1017 entrevistas validadas. Foram efetuadas 1186
tentativas de entrevistas e 169 (14,2%) não aceitaram colaborar neste estudo. A
escolha do lar foi aleatória nas listas telefónicas e o entrevistado, em cada
agregado familiar, o elemento que fez anos há menos tempo, e desta forma
resultou, em termos de sexo: feminino — 50,8%; masculino — 49,2% e, no que
concerne à faixa etária, dos 18 aos 30 anos — 18,1%; dos 31 aos 59 — 50,7%; com
60 anos ou mais — 31,2%. O erro máximo da amostra é de 3,07%, para um grau de
probabilidade de 95%. Um exemplar deste estudo de opinião está depositado na
Entidade Reguladora para a Comunicação Social (Expresso)
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