Uma das muitas contradições de Costa tem a ver com a dificuldade que evidencia na utilização de argumentos consistentes para justificar as opções políticas do governo socialista apoiado pelo PCP e pelo Bloco. Um caso exemplar, mais um, foi aquele que aconteceu no fim-de-semana, numa reunião com militantes socialistas no Porto, durante a qual Costa desafiou os portugueses - caso não queiram pagar mais impostos - a não fumarem, a não andarem de carro e a não recorrerem ao crédito de consumo, três áreas, entre muitas outras, que estão sujeitas na proposta de OE-2016 a um aumento da carga fiscal.
O cidadão comum, que liga pouco a estes assuntos da treta, é capaz de achar piada e chega mesmo a esboçar um sorriso. Mas os cidadãos mais atentos, que acham que as coisas não se resolvem assim, interrogam-se com pertinência: mas afinal o que é que este primeiro-ministro feito à pressão quer? Determina um aumento de impostos, que gera as receitas que o governo precisa e por outro lado aconselha os cidadãos a fazerem tudo para não pagarem esses novos impostos impedindo deste modo que o governo arrecade assim as receitas previstas? Se Costa pretende obter receitas que tapem o buraco aberto pelas suas medidas, contra as quais nada tenho a dizer, então ele precisa que as pessoas façam exactamente o contrário do que recomenda ou sugere. Se isso não acontecer, então é mais do que evidente que o governo socialista terá menos receitas o que abrirá um buraco orçamental maior do que o previsto. E será obrigado a apresentar um, dois ou três orçamentos retificativos, com tudo o que isso implica e comporta. Afinal o que é que Costa quer? Que as pessoas que fumam continuem a fumar que os cidadãos andem de carro próprio e recorram ao crédito ao consumo de acordo com as suas necessidades e possibilidades, ou que não faça nenhuma delas? (LFM)
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