quinta-feira, junho 18, 2015

Nota



Gostaria de deixar bem claro que ninguém contrata a minha consciência tal como ninguém condiciona, manipula ou manda na minha liberdade de pensamento e de opinião. Quando se tenta subverter tudo, confundindo deliberadamente tudo, perde-se a razão, pior do que isso, perde-se a dignidade para fazermos jornalismo com princípios deontológicos e isenção. Alguma vez tolerarei que alguém, seja lá quem for, questione os pagamentos de meios de comunicação, feitos a jornalistas e não jornalistas, sempre que participam em programas de debate? Alguma vez tolerarei que alguém, seja lá quem for, questione a liberdade de opinião desses contratados ou a sua dignidade e valores? Alguma vez tolerarei que alguém, seja lá quem for, questione a liberdade de opinião e a dignidade de articulistas contratados por jornais, só porque lhes pagam uns tantos milhares de euros mensais? Alguma vez tolerarei que alguém, seja lá quem for, questione a liberdade de opinião e a dignidade dos opinadores na RTP ou noutras televisões privadas, só porque são contratados para o efeito e a quem são pagos milhares de euros mensais? Alguma vez tolerarei que alguém, seja lá quem for, questione ou critique os salários pagos aos cargos de chefia de jornais privados e/ou outros meios de comunicação (incluindo outras regalias para além de salários), só porque escrevem regularmente contra o poder ou contra a oposição, tudo depende de quem os analisa?

Reconheço, e respeito esse primado essencial da nossa sociedade, haver plena liberdade de concordar ou discordar com estas situações, que há quem ache que deve ser feito assim enquanto outros argumentarão que não, que não é essa a melhor solução. Mas isso são opiniões que valem isso mesmo, uma opinião. Mas quando se misturam as coisas, se insulta, em certa medida de forma libertina e desonesta, se duvida da dignidade e da seriedade das pessoas, por causa de interesses de grupos ou outros fins corporativistas, então tudo muda de figura.

Escreveu Eça de Queiroz que “nas nossas democracias a ânsia da maioria dos mortais é alcançar em sete linhas o louvor do jornal. Para se conquistarem essas sete linhas benditas, os homens praticam todas as acções - mesmo as boas”. Provavelmente é isso mesmo.

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