terça-feira, outubro 14, 2014

Opinião: “Mário Nogueira, o professor ausente”



“O dia 4 de Março de 2001 ficou gravado como sendo um dia bem triste para a história do país. 59 pessoas perderam a vida quando a Ponte Hintze Ribeiro, em Entre-os-Rios, desabou, arrastando consigo um autocarro de excursionistas e três automóveis. Penso que logo no dia seguinte o ministro que tutelava as Obras Públicas se demitiu. Jorge Coelho entendeu que, sendo o principal responsável pela conservação das pontes, viadutos e estradas, entre outros, devia assumir as suas responsabilidades e, por isso, foi-se embora. Curiosamente, uns anos depois Jorge Coelho desempenharia funções numa das maiores construtoras do país. Ironias... Hoje parece-me óbvio que Jorge Coelho fez mal em demitir-se, até porque o seu acto não trouxe de volta a vida às vítimas nem ajudou a melhorar o que quer que fosse. Com Coelho caíram, se as wikipédias da vida estão correctas, cinco secretários de Estado. O ministro e os adjuntos seguintes fizeram melhor trabalho? Tenho dúvidas, pois defendo que a substituição de um governante, na maioria dos casos, só acarreta despesas para o país e perda de tempo com as passagens de testemunho. Além disso, se Coelho tivesse ficado no cargo poderia, isso sim, fazer algo para que tragédias daquelas não se repetissem. Vem esta conversa a propósito da contestação de que é alvo o ministro da Educação, pessoa pela qual, não escondo, nutro alguma simpatia, por termos trabalho juntos noutro jornal. Nuno Crato é contestado desde que tomou posse, apesar de na altura ter fama de ser um matemático empenhado em 'facilitar' a aprendizagem da disciplina e de ser um apaixonado pelo ensino. Penso que chegou mesmo a ter um programa televisivo. Só que para a Fenprof e para o seu líder, que não deve dar uma aula há mais de 20 anos, qualquer governante só tem uma coisa a fazer: demitir-se. Isto, claro, só será diferente se um dia a sua cor partidária chegar ao poder. Mário Nogueira, o líder sindicalista, não quer fazer parte da solução, só quer arranjar problemas. Isso não significa que este Governo não esteja a ter um início de ano escolar desastroso. Assim sendo, o ministro tem é de reparar os disparates que o ministério tem feito - não se esquecendo também de compensar os professores que perderam muito com estes enganos - e, depois disso, tirar as suas conclusões. Que podem passar, obviamente, pela demissão ou por ser demitido. Arranjar outro ministro, ou mesmo outro governo, isso sim, neste caso, será hipotecar todo o ano lectivo” (texto de Vitor Rainho no Sol, com a devida vénia)