Escreve o Expresso que "Olli Rehn, o comissário europeu responsável pelos assuntos económicos e monetários, diz-se disponível para ser candidato ao Parlamento Europeu (PE) e à presidência da Comissão Europeia, o que pode levar à sua suspensão ou abandono total das actuais funções pelo menos a partir de Abril do próximo ano. Colocando fim ao seu pequeno tabu, o comissário finlandês e vice-presidente da equipa de Durão, que é um dos rostos e advogados da austeridade como receita económica, admitiu recentemente poder ser o candidato da sua família política europeia à sucessão de Barroso. A decisão será tomada pelos liberais europeus no início de Fevereiro e, caso seja escolhido (o outro candidato de que se fala é o ex-primeiro-ministro belga e actual eurodeputado Guy Verhofstadt), Rehn deverá candidatar-se ao PE nas eleições que decorrerão entre 22 e 25 de Maio de 2014. De acordo com a Comissão Europeia, Rehn ainda não tomou uma decisão, pelo que ainda não discutiu o assunto com o actual presidente do colégio de comissários, Durão Barroso: "o timing depende da decisão do senhor Rehn e da sua discussão (do assunto) com o presidente da Comissão e isso ainda não aconteceu", afirmou hoje Olivier Bailly, porta-voz da Comissão Europeia. Em causa está a necessidade de, caso Rehn decida candidatar-se, Durão ter que proceder a uma reorganização do executivo comunitário, concedendo uma "licença eleitoral não remunerada" a Rehn e entregando a sua pasta a outro comissário durante esse período. Na história da Comissão há vários precedentes nesta matéria e o Código de Conduta dos comissários europeus é claro. Um comissário é livre de se candidatar em eleições locais, nacionais ou europeias. No caso das eleições europeias a actividade na Comissão deverá ser suspensa "pelo menos a partir do fim" da última sessão plenária da legislatura em curso do PE (que é no dia 17 de Abril de 2014). No entanto, o mesmo código estipula que a suspensão de actividade deve acontecer "durante todo o período de implicação activa na campanha e pelo menos durante a campanha" propriamente dita. Ou seja, na prática, Rehn poderá suspender as actuais funções muito antes de Abril. De acordo com Bailly, essa decisão é "uma escolha política que cabe ao comissário". Em alguns casos o presidente da Comissão pode decidir se a participação de um comissário numa campanha é compatível com as suas funções, mas tal interpretação avizinha-se como provável no caso de Rehn, tendo em conta o seu protagonismo na definição das opções económicas da União, que serão certamente um dos principais temas das próximas europeias. A atual Comissão está em funções até 31 de Outubro de 2014. Depois das eleições, Rehn poderá voltar a assumir funções no colégio até ao fim do mandato, desde que abdique do lugar para que eventualmente tenha sido eleito"