Li no Dinheiro Vivo que “a crise financeira
mundial prejudicou de tal forma a maior indústria das Caraíbas – o turismo –
que a maioria dos países daquela região tropical está enterrada em dívidas. No
seu conjunto, as dívidas dos governos das Caraíbas totalizam mais de 34 mil milhões
de euros. De
acordo com o Financial Times, como forma de combater esta situação, os governos
estão a apelar à comunidade internacional para ajudar a aliviar dívida e
iniciar um programa de investimento naqueles países. Desde 2010, São Cristóvão
e Nevis, Granada, Antígua e Barbuda, Belize e Jamaica já tiveram de
reestruturar as respetivas dívidas públicas (no caso da Jamaica, duas vezes) e
integrar programas de ajustamento do Fundo Monetário Internacional. Outros
países, como Barbados, também estão a ser forçados a implementar programas de
austeridade e alguns políticos locais temem o impacto social desta situação,
como o aumento das já elevadas taxas de criminalidade e a deterioração dos
regimes democráticos. Os dados do FMI indicam que as dívidas soberanas dos
governos das Caraíbas totalizavam, no seu conjunto e no ano passado, cerca de
70% do PIB da região: 47 mil milhões de dólares (cerca de 34 mil milhões de
euros).
“Não
há muito mais que possamos pedir ao nosso povo para fazer, a comunidade internacional
tem de ajudar”, afirmou o primeiro-ministro de São Cristóvão e Nevis, Denzil
Douglas, citado pelo Financial Times. “Estamos altamente endividados, porque
somos demasiado pequenos e vulneráveis. Os mais pequenos choques – quer sejam
financeiros ou naturais – podem ter um enorme impacto”, acrescentou. Para já,
os esforços para sensibilizar a comunidades e os organismos internacionais
estão a ser feitos com o apoio da Commonwealth e os 12 países das Caraíbas que
fazem parte desta comunidade esperam conseguir algo semelhante ao programa
“Países Pobres Fortemente Endividados” (HIIPC, na sigla inglesa). Fundado em
1996, o HIIPC empresta dinheiro em condições favoráveis a países pobres, em
troca de reformas políticas e económicas. No entanto, este programa está
destinado a países com baixos rendimentos e a maioria dos países das Caraíbas
está classificada como tendo rendimentos médios ou elevados. Do lado das
Caraíbas, argumenta-se que, ao focar-se apenas nos rendimentos nacionais, a
comunidade internacional ignora as vulnerabilidades dos mini-estados, que,
tipicamente, têm populações de 1,5 milhões de habitantes ou menos. Uma das
opções, segundo o Financial Times, será usar o dinheiro prometido pelos países
ricos para o combate às alterações climáticas, no desenvolvimento desses países
ou na liquidação das respetivas dívidas públicas.
Taxa
de desemprego nas Caraíbas nos dois dígitos
Num
relatório divulgado em outubro, a Organização Internacional do Trabalho referia
que a taxa de desemprego caíra para 6,3% no conjunto da América Latina e das
Caraíbas. De facto, em países como o Brasil, Argentina ou México, as taxas de
desemprego caíram para 5,5%, 7,1% e 5,8%, respetivamente, em 2013. Mas,
discriminando as taxas de desemprego nos países das Caraíbas, como a Jamaica
(15,4%), Barbados (11%), Bahamas (16,2%) ou Belize (15,3%), os números tomam
outras proporções. Ainda assim, o FMI e o Banco Mundial estarão pouco
inclinados para aliviar a dívida destes países. “Estas propostas [de
empréstimos aos países endividados] devem ser ponderadas pelos nossos membros e
só podem ser levadas adiante se houver apoio suficiente da parte dos membros
das instituições multilaterais”, afirmou, em comunicado, o porta-voz do FMI,
Gerry Rice”