segunda-feira, dezembro 09, 2013

Consumo e investimento garantiram crescimento no terceiro trimestre

Escreve o Publico, num texto do jornalista Sérgio Aníbal, "o INE confirma crescimento de 0,2% do PIB. Procura externa voltou a ter um contributo negativo.A recuperação do consumo privado e do investimento compensaram o contributo negativo da procura externa líquida (exportações menos importações) e garantiram que Portugal voltasse a registar no terceiro trimestre uma taxa de crescimento positiva. O Instituto Nacional de Estatística confirmou esta segunda-feira que o PIB português cresceu 0,2% no terceiro trimestre deste ano face ao trimestre imediatamente anterior, apresentando uma variação negativa de 1% face ao mesmo período do ano passado. Os dados já tinham sido divulgados na estimativa rápida publicada no mês passado, mas agora, a autoridade estatística apresenta os detalhes da evolução das diversas componentes do PIB, o que permite analisar de que forma é que a economia conseguiu repetir, no terceiro trimestre, o crescimento que já tinha registado no segundo. Assim, contrariando a perspectiva de que era pelo comércio internacional que Portugal tinha conseguido manter-se afastado da recessão, os dados do INE mostram que, no terceiro trimestre deste ano, o crescimento de 0,2% foi o resultado de um contributo positivo de 1,3 pontos percentuais da procura interna (consumo mais investimento) que compensou o contributo negativo de 1,1 pontos percentuais da procura externa líquida (exportações menos importações).
Entre Julho e Setembro, o consumo privado cresceu face ao trimestre anterior a uma taxa de 0,8%, o melhor resultado desde o final de 2010. Por sua vez, o investimento cresceu 4,8%, o melhor desde o início de 2012. No total, a procura interna cresceu 1,4%. Na procura externa líquida as coisas correram pior. Por um lado, as exportações desceram 0,2% face ao trimestre anterior que tinha sido bastante forte. E por outro, as importações aumentaram 2,6%, um resultado que é uma consequência da subida do consumo e do investimento, que é ainda feito com uma elevada percentagem de bens e serviços importados. Quando se analisa a evolução da economia em termos homólogos, o cenário é diferente. A variação negativa do PIB de 1% registada no terceiro trimestre deste ano continua a ser explicada pela queda da procura interna e compensada por um contributo positivo da procura externa líquida. No entanto, a tendência está a ser, já há seis meses, para uma inversão destes efeitos. Assim, no terceiro trimestre, o contributo positivo da procura externa líquida foi de 0,6 pontos percentuais, quando no segundo trimestre tinha sido de 0,8 pontos e no primeiro de dois pontos. Em contraponto, a procura interna teve um contributo negativo de 1,6 pontos percentuais no terceiro trimestre, o que representa uma melhoria face ao contributo negativo de 2,9 e 6,1 pontos no segundo e primeiro trimestres do ano.
O papel do sector automóvel
Num ano em que se registou uma subida acentuada do IRS, em simultâneo com a devolução dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos e pensionistas, o regresso do consumo privado a taxas de variação em cadeia positivas e a taxas de variação homóloga cada vez menos negativas acontece sobretudo por via do aumento do consumo de bens duradouros. De acordo com o INE, no terceiro trimestre do ano, o consumo de bens duradouros cresceu 4,1% face ao trimestre imediatamente anterior e 4,2% em relação a igual período do ano passado. Uma variação homóloga positiva já não acontecia desde o final de 2010. Este tipo de consumo inclui bens como os automóveis e os electrodomésticos. E o papel do sector automóvel deverá estar a ser decisivo. Os dados das vendas de veículos que têm vindo a ser divulgados mostram que, depois de quedas muito acentuadas a partir de 2009 (apenas com uma interrupção em 2010), o sector parece ter já atingindo o fundo, começando agora uma recuperação ligeira. Esta retoma, dizem as empresas do sector, deve-se fundamentalmente ao facto de o envelhecimento da frota automóvel estar a atingir níveis insustentáveis"
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