Segundo o jornalista do Público, Ricardo Garcia, o “volume
da cobertura gelada aumentou 50%, mas ainda é muito menor do que há três
décadas. Ano após ano, a notícia é a mesma: há menos gelo no Árctico. Mas 2013
está a ser diferente. A calota gelada sobre o Pólo Norte não só está mais ampla,
como também mais espessa. Medições feitas com recurso ao satélite CryoSat, da
Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), revelam que houve um
aumento de 50% no volume de gelo entre Outubro de 2012 e Outubro de 2013. Agora
são 9000 quilómetros cúbicos de água congelada, contra 6000 quilómetros cúbicos
no Outono passado – o recorde mínimo desde que há medições da espessura do gelo
no Árctico. Apesar do aumento, o valor de 2013 ainda está longe dos 20.000
quilómetros cúbicos do princípio dos anos 1980. As medições e cálculos foram
feitos pelo Centro de Observação e Modelação Polar, um instituto britânico de
investigação, a partir de dados do CryoSat, um satélite lançado em 2010 pela
ESA com a missão específica de monitorizar o volume de gelo em vários pontos do
planeta. Até então, outros satélites permitiam apenas avaliar a área coberta
pelo gelo no Árctico. Neste Outono, a superfície gelada está maior do que no
ano passado, mas o que impressionou mais os cientistas foi o facto de a camada
de gelo ser substancialmente mais espessa. O maior aumento deu-se sobre a área
que se mantém congelada ao longo de todo o ano, e que está agora 30 centímetros
mais grossa, em média, do que em Outubro de 2012. “Não estávamos à espera de que o incremento na área
deixada após o período de degelo do Verão também estivesse reflectido no
volume”, afirma Rachel Tilling, investigadora do centro britânico, citada num
comunicado da instituição. Os números deste ano são apenas um ponto numa série
de mais de três décadas de dados que apontam para um declínio do gelo no
Árctico. Segundo o mais recente relatório do Painel Intergovernamental para as
Alterações Climáticas (IPCC), da ONU, há 90% de probabilidade de que a
cobertura gelada média anual sobre o Árctico tenha diminuído entre 3,5 a 4,1%
por década entre 1979 e 2012. No Verão, o declínio tem sido mais acentuado, com
uma diminuição de 9,4 a 13,6%. O IPCC diz, mas com um grau de confiança
“médio”, que a redução do gelo no Árctico no Verão nas últimas três décadas não
tem precedentes nos últimos 1450 anos”.