sexta-feira, novembro 08, 2013

Desemprego: O que mostram os números do terceiro trimestre

"Turismo com maior criação de emprego
O sector do turismo foi o que criou mais emprego, em termos líquidos, no terceiro trimestre de 2013. Entre Julho e Setembro, foram criados 19.300 postos de trabalho face ao mesmo período de 2012, o que se traduziu num aumento homólogo de 6,5%. Apesar de outros sectores terem registado subidas percentuais mais expressivas (como é o caso das actividades imobiliárias), foi o turismo que mais contribuiu para a criação líquida de emprego pelo facto de ser uma actividade muito sazonal, que atinge o pico precisamente nos meses de Verão. Já entre o terceiro trimestre de 2011 e de 2012 se tinha verificado um aumento, embora apenas de 2%, visto que a actividade tem sido muito penalizada pela crise e começa agora a dar sinais de recuperação. Historicamente, a população empregada no sector reduz-se de forma drástica a partir de Outubro, seguindo essa tendência até Junho.
Mulheres mais atingidas do que os homens
A taxa de desemprego entre as mulheres está nos 15,9%, quando, no caso dos homens, se fica pelos 15,3%. No trimestre anterior, a diferença era de apenas 0,1 pontos percentuais e, no terceiro trimestre de 2012, a taxa era mais alta entre os homens: 16%, contra os 15,4% das mulheres. Um valor que se explicava pela destruição elevada de emprego em sectores como a construção e o sector automóvel, que tradicionalmente empregam mais mão-de-obra masculina. Em termos homólogos, a taxa de desemprego apenas desce no caso dos homens (menos 7,7%), enquanto no caso das mulheres se verificou um incremento de desempregadas (de 1%). Olhando para os números absolutos, continuam a existir mais homens sem emprego (432,2 mil) do que mulheres (406,4 mil). Os últimos dados do Eurostat, o organismo de estatísticas europeu, mostram que, dentro dos países com dados disponíveis, Portugal é terceiro no ranking onde o desemprego feminino tem mais incidência, após a Espanha e Chipre. A média da zona euro, segundo os dados de Setembro, é de 12,3%, quando, no caso nacional (o Eurostat junta os indicadores do INE a os do Instituto de Emprego e Formação Profissional), o valor é de 16,6%.
Mais pessoas à procura do primeiro emprego
Existem 104,1 mil pessoas que estão à procura do seu primeiro emprego, de acordo com os dados do INE. Este número revela uma subida face ao trimestre anterior (85,7 mil) e em relação ao período homólogo de 2012 (98,8 mil). Há, no entanto, uma descida da taxa de desemprego entre os jovens (dos 15 aos 24 anos), que se situa agora nos 36% (era de 39% no terceiro trimestre do ano passado e de 37,1% no segundo trimestre deste ano). Mesmo assim, e apesar da melhoria registada na taxa, continua a existir mais de um em cada três jovens que não consegue encontrar emprego (seja este ou não o primeiro trabalho). Em termos europeus, segundo os dados do Eurostat referentes a Setembro, Portugal era o quinto país mais afectado por este problema, com 36,9%. No topo da lista negra está a Espanha, 56,5%, seguindo-se a Hungria (com 52,8%) e Chipre, recentemente intervencionado pela troika (43,9%).
Lisboa no topo, Centro menos afectado
A região de Lisboa é a que tem a taxa de desemprego mais elevada, com 17,9%, um lugar que já ocupava no trimestre anterior. Acima da média, por ordem decrescente, estão também as regiões dos Açores e da Madeira (com 17,7% e 17,3%, respectivamente), o Norte (16,6%) e o Alentejo (16,1%). Abaixo dos 15,6% registados no país está o Algarve, com 13,8%, e a Região Centro, com 11,2% (menos 6,7 pontos percentuais do que Lisboa). (texto de Luís Villalobos e Raquel Almeida Correia, Publico, com a devida vénia)
Agricultura desce: Menos trabalhadores
No terceiro trimestre, o sector da agricultura perdeu 16.500 trabalhadores. A população empregada neste sector caiu 3,4%, para um total de 463.600 pessoas, e, ao contrário do que sucedeu no trimestre anterior, a agricultura não ajudou a levantar os números do desemprego (ao contrário do turismo - ver texto ao lado). Tendo em conta os dados ontem revelados pelo INE, este sector pesa agora 10,1% no total da população empregada, menos do que no segundo trimestre (10,7%). Nessa altura, entre Abril e Junho - meses importantes de colheita - dos 72.400 novos empregos criados em Portugal, 46.200 foram na agricultura. Ou seja, valiam 63,8% dos novos postos de trabalho. Contudo, se recuarmos a 2012, a representatividade da agricultura na criação de emprego chegava perto dos 84% no segundo trimestre desse ano. Os dados mostram o comportamento sazonal deste trabalho. Quer em 2011, quer em 2012 ou 2013, regista-se sempre um aumento do primeiro para o segundo trimestre e uma queda do segundo para o terceiro. Janeiro, Fevereiro e Março são os piores para o emprego no sector, diz João Machado, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal. "Na análise dos dados é preciso ver o que é emprego sazonal e o que é permanente. Neste momento, estamos ainda a sentir os efeitos das vindimas, depois teremos a apanha da azeitona e no final deste mês veremos os números a crescer. Mas depois teremos a grande quebra" no primeiro trimestre de 2014, explica. Os portugueses estão a trabalhar mais nos campos", mas há um potencial de crescimento, diz, acrescentando que "ainda há empregos" que não se conseguem preencher com nacionais. (texto de Ana Rute Silva, Publico, com a devida vénia)