quinta-feira, novembro 28, 2013

Empresas públicas com prejuízos de 500 milhões até Junho

Segundo o Publico num texto da jornalista Raquel Almeida Correia, "as empresas públicas registaram prejuízos de 486,6 milhões de euros no primeiro semestre, refere um relatório divulgado nesta quinta-feira pela Direcção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF). As perdas sobem para 731,2 milhões se forem incluídos os resultados do sector da saúde. Face a 2012, trata-se de um agravamento significativo, visto que o relatório refere que, na primeira metade do ano passado, o Sector Empresarial do Estado tinha atingido prejuízos de 39,2 milhões, fruto de uma subida exponencial nos lucros da Parpública para 463,9 milhões (na sequência das receitas extraordinárias geradas com as privatizações da EDP e da REN). Excluindo os resultados da Parpública, conclui-se que as perdas das empresas públicas se situaram em 316,9 milhões de euros até Junho. A comparação com o mesmo período de 2012, e sem contabilizar os lucros extraordinários da holding que gere as participações do Estado em empresas, mostra que se verificou uma redução de 37% face aos prejuízos de 503,1 milhões do ano passado. Esta melhoria foi conseguida graças aos resultados do sector dos transportes, que passou de perdas de 510,3 milhões em 2012 para prejuízos de 162,7 milhões no primeiro semestre deste ano. Neste campo, o destaque vai para a Metro do Porto, que passou de perdas de 247,5 milhões para lucros de 8,1 milhões até Junho. Uma inversão associada, em grande parte, à liquidação antecipada de swaps, o que permitiu reduzir significativamente os prejuízos financeiros. Às perdas de 486,6 milhões do Sector Empresarial do Estado somam-se outros 244,6 milhões da responsabilidade do sector da saúde, elevando as perdas globais para 731,2 milhões. No caso dos hospitais, registou-se um aumento de 210% nos prejuízos, já que no período homólogo tinham atingido 78,9 milhões.
Liquidação de swaps aumentou endividamento
Em termos de dívida remunerada, o relatório da DGTF mostra que se registou um aumento global de 5,9% no primeiro semestre para um total de 33.850,9 milhões de euros. Recorde-se que, este ano, as empresas públicas estão obrigadas a cumprir um tecto máximo de 4% na subida do endividamento. Há duas situações em particular que explicam este crescimento: por um lado, o cancelamento de um swap da Egrep que obrigou a empresa que gere as reservas nacionais de petróleo a aumentar o passivo financeiro em 115,6 milhões; e, por outro, a transferência de um pacote de financiamento para a Parpública, que antes pertencia ao consórcio Elos, que tinha sido contratado para construir o abandonado projecto do TGV. Também no sector dos transportes se verificou um aumento de 8,8% na dívida financeira, devido à liquidação antecipada de derivados de cobertura de risco. A Metro de Lisboa e a Metro do Porto foram as empresas que maior número de contratos liquidaram no início deste ano.  No total, foram cancelados 69 swaps, tendo sido pagos 1008,5 milhões de euros aos bancos para esse efeito. Tal como o PÚBLICO noticiou nesta quinta-feira, o desconto de 31% feito pelas instituições financeiras face às perdas potenciais acumuladas pelos derivados (1463 milhões) incluem a captura de reservas feitas para suportar o custo e os riscos destes derivados. Da poupança total anunciada pelo Governo, cerca de 380 milhões de euros dizem respeito a estas verbas.
Subsídios provocam perdas operacionais de 18,3 milhões nos transportes
O pagamento dos subsídios de férias e de Natal, que o Governo queria suspender mas cuja eliminação foi chumbada pelo Tribunal Constitucional, provocou perdas operacionais de 18,3 milhões de euros nas transportadoras públicas, revela o relatório. O documento indica que, entre Janeiro e Junho, estas empresas tiveram encargos de 21,7 milhões com o 13º e 14º meses, ao contrário do que aconteceu em 2012. Se este pagamento não tivesse ocorrido, o resultado operacional teria sido positivo em 3,3 milhões. Este resultado operacional é um indicador acordado entre o Governo e a troika, na sequência do compromisso assumido pelo executivo de reequilibrar as contas do sector. E, por isso, não inclui factores extraordinários como o pagamento de indemnizações ao abrigo do plano de redução de quadros posto em marcha no sector. O relatório da DGTF revela que, só no primeiro semestre, foram gastos 186,6 milhões de euros em custos com pessoal, embora não explique que parte diz respeito às indemnizações"