Escreve a jornalista do Publico, teresa Firmino que "é a fruta mais consumida em todo o mundo e, só nos trópicos, é um alimento básico de 400 milhões de pessoas. Uma nova estirpe de um fungo, cada vez mais disseminada, está a pôr as bananas em perigo. Tem sido um jogo do gato e do rato ou, melhor dizendo, da banana e do fungo. No início do século XX, o fungo que provoca o mal-do-panamá causou os primeiros prejuízos importantes em plantações de banana precisamente no Panamá. Ao longo da primeira metade do século XX, foi dizimando plantações pelo planeta: a Gros Michel, a variedade então dominante, sucumbiu ao fungo, até que na década de 1950 se encontrou uma variedade que lhe resistia, a Cavendish, e hoje é ela que está espalhada pelo mundo inteiro. O problema é que uma estirpe muito agressiva do fungo já está a atacar as Cavendish do Sudeste da Ásia e - más notícias - foi agora identificada pela primeira vez fora dessa região, na Jordânia. Foi no final do século XX que a nova estirpe altamente agressiva do Fusarium oxysporum cubense - a Estirpe Tropical 4, ou TR4 na sigla em inglês - começou a ter grande impacto no Sudeste asiático.
As Cavendish de Taiwan, onde apareceu a nova estirpe do fungo em 1992, da China, da Malásia, da Indonésia ou das Filipinas estão agora sob forte ataque e não há nada que as proteja de forma eficaz. As bananeiras morrem em massa (as folhas secam e ficam coladas) e o fungo, que se instala no solo e ataca o sistema vascular da planta, contamina a terra durante décadas, impedindo a sua utilização.
Em 2006, começou a desconfiar-se de que o mal-do-panamá tinha chegado às bananeiras da Jordânia. O Ministério da Agricultura daquele país enviou amostras do fungo para os Estados Unidos: para Randy Ploetz, da Universidade da Florida, que por sua vez as enviou para o grupo do cientista Gert Kema, do Centro de Investigação Universitária de Wageningen, na Holanda. Aqui, os cientistas infectaram plantas com amostras do fungo da Jordânia e verificaram que elas desenvolviam sintomas idênticos aos das plantas infectadas com fungos do Sudeste asiático.
Em seguida, fizeram análises ao ADN do fungo da Jordânia: era idêntico ao da Estirpe Tropical 4, o que significa que ela está a disseminar-se cada vez mais. "Este é o primeiro relato de que a Estirpe Tropical 4 está a afectar a Cavendish fora do Sudeste da Ásia e representa uma expansão perigosa desta estirpe destrutiva", escreve a equipa de Gert Kema num artigo na revista Plant Disease.
Ainda que a Jordânia não seja um grande produtor de bananas, a doença já está bem instalada nas plantações e a migração desta estirpe tão agressiva é um sinal de alerta para os países produtores de banana em África e na América Latina. Para Gert Kema, citado num comunicado do Centro de Wageningen, é só uma questão de tempo até a nova estirpe chegar a África.
Ora em África, bem como na Ásia e na América Latina, as bananas são vitais na dieta humana. Nos trópicos, são um alimento básico de mais de 400 milhões de pessoas. E, só na África do Leste, 80 milhões de pessoas dependem das bananas. Em países como o Uganda, o consumo per capita atinge aos 250 quilos por ano. É o fruto mais consumido no planeta e, nos países em desenvolvimento, é a quarta cultura mais importante, a seguir às do arroz, do trigo e do milho.
Embora haja quase mil variedades de bananas no mundo - entre comestíveis e não comestíveis (cheias de sementes e pouca polpa) -, muitas delas cultivadas por agricultores locais, 99% do comércio mundial baseia-se numa única variedade, a referida Cavendish. O que não ajuda muito à saúde das bananas, tornando-as mais vulneráveis a doenças (o outro fungo que está a matá-las causa a sigatoka-negra).
Acresce que, através de clonagem, todas as Cavendish descendem de uma única planta resistente ao mal-do-panamá encontrada na China, pelo que quase todas as bananas comercializadas são cópias umas das outras, originando falta de diversidade genética, que se obteria se a reprodução fosse sexuada. Devido à aposta numa única variedade que se reproduz de forma assexuada como clone, as Cavendish que encontramos nos supermercados estão em risco de extinção.
"Precisamos de uma abordagem internacional concertada para impedir a disseminação [da nova estirpe] do mal-do-panamá e, no pior dos casos, contê-la", defende o investigador holandês"
As Cavendish de Taiwan, onde apareceu a nova estirpe do fungo em 1992, da China, da Malásia, da Indonésia ou das Filipinas estão agora sob forte ataque e não há nada que as proteja de forma eficaz. As bananeiras morrem em massa (as folhas secam e ficam coladas) e o fungo, que se instala no solo e ataca o sistema vascular da planta, contamina a terra durante décadas, impedindo a sua utilização.
Em 2006, começou a desconfiar-se de que o mal-do-panamá tinha chegado às bananeiras da Jordânia. O Ministério da Agricultura daquele país enviou amostras do fungo para os Estados Unidos: para Randy Ploetz, da Universidade da Florida, que por sua vez as enviou para o grupo do cientista Gert Kema, do Centro de Investigação Universitária de Wageningen, na Holanda. Aqui, os cientistas infectaram plantas com amostras do fungo da Jordânia e verificaram que elas desenvolviam sintomas idênticos aos das plantas infectadas com fungos do Sudeste asiático.
Em seguida, fizeram análises ao ADN do fungo da Jordânia: era idêntico ao da Estirpe Tropical 4, o que significa que ela está a disseminar-se cada vez mais. "Este é o primeiro relato de que a Estirpe Tropical 4 está a afectar a Cavendish fora do Sudeste da Ásia e representa uma expansão perigosa desta estirpe destrutiva", escreve a equipa de Gert Kema num artigo na revista Plant Disease.
Ainda que a Jordânia não seja um grande produtor de bananas, a doença já está bem instalada nas plantações e a migração desta estirpe tão agressiva é um sinal de alerta para os países produtores de banana em África e na América Latina. Para Gert Kema, citado num comunicado do Centro de Wageningen, é só uma questão de tempo até a nova estirpe chegar a África.
Ora em África, bem como na Ásia e na América Latina, as bananas são vitais na dieta humana. Nos trópicos, são um alimento básico de mais de 400 milhões de pessoas. E, só na África do Leste, 80 milhões de pessoas dependem das bananas. Em países como o Uganda, o consumo per capita atinge aos 250 quilos por ano. É o fruto mais consumido no planeta e, nos países em desenvolvimento, é a quarta cultura mais importante, a seguir às do arroz, do trigo e do milho.
Embora haja quase mil variedades de bananas no mundo - entre comestíveis e não comestíveis (cheias de sementes e pouca polpa) -, muitas delas cultivadas por agricultores locais, 99% do comércio mundial baseia-se numa única variedade, a referida Cavendish. O que não ajuda muito à saúde das bananas, tornando-as mais vulneráveis a doenças (o outro fungo que está a matá-las causa a sigatoka-negra).
Acresce que, através de clonagem, todas as Cavendish descendem de uma única planta resistente ao mal-do-panamá encontrada na China, pelo que quase todas as bananas comercializadas são cópias umas das outras, originando falta de diversidade genética, que se obteria se a reprodução fosse sexuada. Devido à aposta numa única variedade que se reproduz de forma assexuada como clone, as Cavendish que encontramos nos supermercados estão em risco de extinção.
"Precisamos de uma abordagem internacional concertada para impedir a disseminação [da nova estirpe] do mal-do-panamá e, no pior dos casos, contê-la", defende o investigador holandês"