sábado, fevereiro 23, 2013

Percebam o sucesso do regresso aos mercados: Portugal foi o país mais ajudado pelo BCE no final de 2012

Segundo o Dinheiro Vivo, “Portugal foi o país mais beneficiado pelas ajudas especiais do Banco Central Europeu (BCE) à compra de dívida pública, indicam dados da instituição combinados com os da Comissão Europeia. De acordo com informações divulgadas pelo BCE, o Eurosistema (conjunto dos bancos centrais do euro) detinha, a 31 de dezembro de 2012, um total de 218 mil milhões de euros em dívida pública de cinco países ao abrigo do seu programa especial de compra de obrigações (SMP na sigla em inglês). Este foi o programa desenhado para tentar aliviar as grandes tensões no mercado de dívida pública que derrubaram três soberanos (Grécia, Irlanda e Portugal) e que colocaram de joelhos Espanha e Itália. Agora, o BCE mostra que, apesar de o país mais ajudado (em percentagem do pacote total) ser, naturalmente, Itália devido à dimensão da sua economia, a verdade é que no final de dezembro Portugal aparece como o país em que o auxílio do BCE tem maior expressão quando se compara com o stock da dívida pública nacional. Ou seja, no final de 2012, quando Portugal já estava a preparar o regresso aos mercados de dívida de médio e longo prazo (que aconteceu a 23 de janeiro deste ano, o banco central assumiu um papel crucial para aliviar a pressão sobre a dívida pública e as respetivas taxas de juro. Ou seja, Portugal lidera o grupo dos cinco países problemáticos, com a ajuda do BCE a representar cerca de 12% do stock de dívida nacional (previsto por Bruxelas, em novembro, para 2012 como um todo). O banco central tinha na sua posse 22,8 mil milhões de euros em títulos portugueses, o que compara com uma dívida pública que deverá rondar 200 mil milhões de euros em termos anuais.
O segundo país mais ajudado pelo BCE era a Grécia, com 33,9 mil milhões de euros ou 10% da dívida nacional. Irlanda surge em terceiro (7%); Itália e Espanha tinham cerca de 5% da sua dívida nas mãos do supervisor pan-europeu. As dívidas nacionais nas mãos do BCE foram divulgadas hoje, pela primeira vez, mas informações dos operadores de mercado recolhidas pelas agências AFP, Reuters e Bloomberg já indicavam que ao longo de 2012 Portugal foi bastante ajudado pelo banco central, em parte fruto das várias "avaliações positivas" da troika ao país. Até final do ano passado, Portugal acumulou seis avaliações positivas consecutivas, o que tornou o país num caso exemplar na resposta à crise das dívidas, apontaram os líderes das várias instituições envolvidas e congratulou-se o ministro das Finanças. Isto apesar de este mesmo plano ter provocado uma desalavancagem tal na economia, que levou o desemprego até máximos históricos e empurrou a economia para uma recessão de 3,2% em 2012 e, tudo indica, que contaminará todo este ano com uma contração de 2%. O programa SMP pressupõe que o BCE compra a dívida, mas que depois a esteriliza, isto é, a instituição vai-se desfazendo desses títulos da mesma forma que os adquiriu para tentar não acumular dinheiro em excesso nos mercados. Este programa SMP foi descontinuado em setembro de 2012 para dar lugar ai OMT, um programa mais vasto, de maior alcance, mas que vai impor condições de austeridade novas aos países que a ele tiverem de aceder. Portugal já sinalizou que o pretende fazer”.