segunda-feira, fevereiro 25, 2013

António Borges: "Houve quem beneficiasse com esta política [de austeridade] e não foram os pobres"...

Li aqui que "o consultor do Governo para o processo de privatizações, António Borges, reconheceu que a distribuição dos sacrifícios pedidos aos portugueses não tem sido equitativa. Na sua opinião, se há uns que tenham beneficiado muito com a política do Governo, outros estão a ser prejudicados, nomeadamente os mais pobres. Praticamente na mesma altura em que vê o seu contrato e da sua equipa para assessorar a Parpública renovado por mais um ano, Borges deixa uma crítica implícita ao Executivo de Passos Coelho: "Houve quem beneficiasse muito com esta política, e não foram os mais pobres. […] E houve também quem ficasse prejudicado em termos relativos e quem acabasse por ver a sua situação piorar ao longo do tempo." Na abertura do encontro da Pastoral Social, no sábado, em Castelo Branco, o economista considerou que é este sentimento de injustiça que está na origem do descontentamento."A crise é mais injusta, mais penosa e mais difícil e leva mesmo a sentimentos profundos de revolta que todos devemos sentir", frisou. Afirmou ainda que "nós vivemos demasiado agarrados a proteger o que já existe, a proteger as empresas, os grupos e os interesses corporativos e, em resultado disto, o Governo e as empresas andam sempre juntinhos. É a nossa tradição e é isto que eu acho que é a herança do doutor Salazar." Estas declarações contrastam com as posições que foi assumindo publicamente desde que se tornou consultor do Governo. Ainda no ano passado, António Borges - que fez parte da direção de Manuela Ferreira Leite, quando esta foi líder do PSD - defendia o polémico aumento da taxa social única (TSU) para os trabalhadores para aliviar as empresas e a redução "urgente" dos salários. No final do ano passado, o consultor do Governo afirmava, em entrevista à RTP Informação, que o processo de ajustamento em Portugal permitiu equilibrar uma economia que estava "extraordinariamente desequilibrada" e sublinhou que a "mentalidade de gastar excessivamente acabou". Numa outra recente entrevista à Rádio Renascença, sentenciou que o País já não precisa de mais austeridade porque a economia já está equilibrada"