sexta-feira, dezembro 28, 2012

Opinião alheia: “Passos, o Facebook e a imagem”

“Há dois dias que ouço muita gente, com ar sério, discutir a mensagem de Passos Coelho no Facebook. Acho extraordinário o tempo que se gasta com um ato de pura propaganda. Alguém disse a Passos (terá sido o mesmo alguém que disse a Cavaco e a tantos outros) que comunicar no Facebook era importante, não só porque seria moderno como permitiria um canal direto com os cidadãos. A verdade, porém, é que os cidadãos - exceto a pequena minoria de comentadores, políticos, proto-políticos e (nos quais também me incluo) utilizadores frequentes do FB - não ligam a mínima aos votos do primeiro-ministro. Aliás, não ligam sequer à mensagem de Natal na televisão, que atinge muito mais pessoas. No momento em que escrevo, a prosa facebookiana de Passos tinha menos de sete mil likes. Em contrapartida, tinha quase 14 mil comentários, dos quais uma boa parte a insultá-lo (alguns, os piores, insultam também a sua mulher, Laura). Todos juntos (21 mil, e sem levar em conta os nomes repetidos) não chegariam para eleger um deputado. Aos portugueses, na verdade, pouco interessa se o primeiro-ministro se lamenta ou não. Interessa-lhe mais saber o que faz com o dinheiro de todos e para onde conduz o país. Mas a conversa de alguns (não todos, claro) assessores e 'especialistas' de imagem tem cada vez mais força junto dos decisores políticos. Que ainda não percebem que, quanto mais os ouvem menos credibilidade têm” (texto do jornalista Henrique Monteiro, no Expresso, com a devida vénia)