"Há um provérbio que diz que "a casa do mentiroso está em cinzas e ninguém acredita que ela ardesse". Outro sustenta que "quando o mentiroso diz a verdade, adoece".
Vem isto a propósito da verdade "versus" mentira na política. A política precisa cada vez mais de verdade e menos de mentirosos, precisa cada vez mais de rigor, de ética e de verticalidade e menos de hipócritas, oportunistas e saloios. Muito do que a política (e os partidos) hoje padece decorre da tolerância excessiva das pessoas para com o embuste sistemático e da permissividade que durante anos foi dada a uns crápulas mentirosos que se aproveitam (ram) da política para dizerem que são o que realmente não são, dizerem que querem o que não querem ou prometerem o que sabem não poder (nem querer) cumprir.
Quando os recentes incêndios florestais devastaram a Madeira, essa ocorrência teve lugar na semana que o PSD regional tinha agendado a sua festa popular no Chão da Lagoa, aliás prontamente adiada por decisão do próprio líder regional do partido. Não vou perder muito tempo com estas iniciativas partidárias, com o que elas valem em termos eleitorais, com o significado político que lhes tentam dar ou com as disputas acerca das afluências porque não é sobre isso que me quero pronunciar e porque reconheço que cada um tem a liberdade de dizer o que bem entender à volta destes temas.
O que quero enfatizar é a forma ridícula como, através de declarações nos meios de comunicação social ou socorrendo-se de alguns parcos recursos na internet, em redes sociais ou em alguns (pouquíssimos) blogues ainda com interesse, se tentou pressionar o PSD regional a adiar a sua festa popular e, mais do que isso, se procurou "obrigar" os social-democratas a anular a iniciativa. O que é absurdo, patético e perfeitamente rafeiro é que os mesmos que exigiam que os laranjas fizessem isso, mantiveram a sua festinha de anos serrana - outros, que se saiba, não anularam o pequeno encontro familiar que costumam realizar por estas alturas do ano...
Na tentativa desesperada de não ficarem mal na fotografia (a lata de pedirem aos outros o que não reclamaram a si próprios) - porque estas festas populares são organizadas com antecedência, implicam compromissos até financeiros tomados com antecedência, originam gastos realizados antecipadamente pelos partidos promotores, envolvem relações e acordos comerciais entre os partidos e feirantes privados, a contratação de artistas, etc. - vieram com a treta, porque é realmente uma treta, se quiserem um embuste do tamanho do mundo, de que as receitas reverterão a favor não se sabe de quem. Uma falácia!
O próprio líder do PS local, Vítor Freitas, o anunciou pomposamente em conferências de imprensa (mais uma).
Conheço muito bem, melhor do que Vítor Freitas, a realidade das iniciativas partidárias, a realidade interna dos próprios partidos, incluindo quando se fala de receitas. O que Vítor Freitas disse - de que as receitas da festa dos socialistas reverteriam a favor das vítimas dos incêndios florestais - é, para além de revelar um inqualificável oportunismo saloio e rafeiro, uma enormidade bem demonstrativa da dimensão da política rafeira e rasteira do vale-tudo. Mas quais receitas? Com (de) que receitas próprias vive afinal o PS local? Das quotas dos militantes? Não me gozem. Receitas da festa? Quais receitas? De certeza que andam a brincar com coisas sérias e com elas tentam fazer demagogia barata. Quanto muito o que o PS local fará - e isso cabe a cada partido decidir em função das suas disponibilidades orçamentais - é usar parte da verba que mensalmente recebe da Assembleia Legislativa para atribui-la àquele fim, embora não se consiga perceber como será feita essa gestão. Também pouco importa, porque para o PS local as fotografias, as imagens de televisão, a autopromoção permanente, as conferências de imprensa, os encartes publicitários (?) em jornais é que importa. É uma forma muito "sui generis", muito fácil de fazer política.
E se quiserem, também de financiamento partidário poderei falar, mais não seja para que as pessoas fiquem realmente a saber do que está em causa, de que verbas estamos a falar, de que encargos partidos e deputados têm, de que outros financiamentos (indiretos) os partidos com representação parlamentar, sem exceção, beneficiam para além das transferências financeiras mensais.
Victor Hugo, poeta, escritor, dramaturgo e político, escreveu ("Os Trabalhadores do Mar"): “Ter mentido é ter sofrido. O hipócrita é um paciente na dupla aceção da palavra; calcula um triunfo e sofre um suplício. A premeditação indefinida de uma ação ruim, acompanhada por doses de austeridade, a infâmia interior temperada de excelente reputação, enganar continuadamente, não ser jamais quem é, fazer ilusão, é uma fadiga. O odioso da hipocrisia começa obscuramente no hipócrita. Causa náuseas beber perpetuamente a impostura. A meiguice com que a astúcia disfarça a malvadez repugna ao malvado, continuamente obrigado a trazer essa mistura na boca, e há momentos de enjoo em que o hipócrita vomita quase o seu pensamento. Engolir essa saliva é coisa horrível. Ajuntai a isto o profundo orgulho. Existem horas estranhas em que o hipócrita se estima. Há um eu desmedido no impostor. O verme resvala como o dragão e como ele retesa-se e levanta-se. O traidor não é mais que um déspota tolhido que não pode fazer a sua vontade senão resignando-se ao segundo papel. É a mesquinhez capaz da enormidade. O hipócrita é um titã-anão".
Vem isto a propósito da verdade "versus" mentira na política. A política precisa cada vez mais de verdade e menos de mentirosos, precisa cada vez mais de rigor, de ética e de verticalidade e menos de hipócritas, oportunistas e saloios. Muito do que a política (e os partidos) hoje padece decorre da tolerância excessiva das pessoas para com o embuste sistemático e da permissividade que durante anos foi dada a uns crápulas mentirosos que se aproveitam (ram) da política para dizerem que são o que realmente não são, dizerem que querem o que não querem ou prometerem o que sabem não poder (nem querer) cumprir.
Quando os recentes incêndios florestais devastaram a Madeira, essa ocorrência teve lugar na semana que o PSD regional tinha agendado a sua festa popular no Chão da Lagoa, aliás prontamente adiada por decisão do próprio líder regional do partido. Não vou perder muito tempo com estas iniciativas partidárias, com o que elas valem em termos eleitorais, com o significado político que lhes tentam dar ou com as disputas acerca das afluências porque não é sobre isso que me quero pronunciar e porque reconheço que cada um tem a liberdade de dizer o que bem entender à volta destes temas.
O que quero enfatizar é a forma ridícula como, através de declarações nos meios de comunicação social ou socorrendo-se de alguns parcos recursos na internet, em redes sociais ou em alguns (pouquíssimos) blogues ainda com interesse, se tentou pressionar o PSD regional a adiar a sua festa popular e, mais do que isso, se procurou "obrigar" os social-democratas a anular a iniciativa. O que é absurdo, patético e perfeitamente rafeiro é que os mesmos que exigiam que os laranjas fizessem isso, mantiveram a sua festinha de anos serrana - outros, que se saiba, não anularam o pequeno encontro familiar que costumam realizar por estas alturas do ano...
Na tentativa desesperada de não ficarem mal na fotografia (a lata de pedirem aos outros o que não reclamaram a si próprios) - porque estas festas populares são organizadas com antecedência, implicam compromissos até financeiros tomados com antecedência, originam gastos realizados antecipadamente pelos partidos promotores, envolvem relações e acordos comerciais entre os partidos e feirantes privados, a contratação de artistas, etc. - vieram com a treta, porque é realmente uma treta, se quiserem um embuste do tamanho do mundo, de que as receitas reverterão a favor não se sabe de quem. Uma falácia!
O próprio líder do PS local, Vítor Freitas, o anunciou pomposamente em conferências de imprensa (mais uma).
Conheço muito bem, melhor do que Vítor Freitas, a realidade das iniciativas partidárias, a realidade interna dos próprios partidos, incluindo quando se fala de receitas. O que Vítor Freitas disse - de que as receitas da festa dos socialistas reverteriam a favor das vítimas dos incêndios florestais - é, para além de revelar um inqualificável oportunismo saloio e rafeiro, uma enormidade bem demonstrativa da dimensão da política rafeira e rasteira do vale-tudo. Mas quais receitas? Com (de) que receitas próprias vive afinal o PS local? Das quotas dos militantes? Não me gozem. Receitas da festa? Quais receitas? De certeza que andam a brincar com coisas sérias e com elas tentam fazer demagogia barata. Quanto muito o que o PS local fará - e isso cabe a cada partido decidir em função das suas disponibilidades orçamentais - é usar parte da verba que mensalmente recebe da Assembleia Legislativa para atribui-la àquele fim, embora não se consiga perceber como será feita essa gestão. Também pouco importa, porque para o PS local as fotografias, as imagens de televisão, a autopromoção permanente, as conferências de imprensa, os encartes publicitários (?) em jornais é que importa. É uma forma muito "sui generis", muito fácil de fazer política.
E se quiserem, também de financiamento partidário poderei falar, mais não seja para que as pessoas fiquem realmente a saber do que está em causa, de que verbas estamos a falar, de que encargos partidos e deputados têm, de que outros financiamentos (indiretos) os partidos com representação parlamentar, sem exceção, beneficiam para além das transferências financeiras mensais.
Victor Hugo, poeta, escritor, dramaturgo e político, escreveu ("Os Trabalhadores do Mar"): “Ter mentido é ter sofrido. O hipócrita é um paciente na dupla aceção da palavra; calcula um triunfo e sofre um suplício. A premeditação indefinida de uma ação ruim, acompanhada por doses de austeridade, a infâmia interior temperada de excelente reputação, enganar continuadamente, não ser jamais quem é, fazer ilusão, é uma fadiga. O odioso da hipocrisia começa obscuramente no hipócrita. Causa náuseas beber perpetuamente a impostura. A meiguice com que a astúcia disfarça a malvadez repugna ao malvado, continuamente obrigado a trazer essa mistura na boca, e há momentos de enjoo em que o hipócrita vomita quase o seu pensamento. Engolir essa saliva é coisa horrível. Ajuntai a isto o profundo orgulho. Existem horas estranhas em que o hipócrita se estima. Há um eu desmedido no impostor. O verme resvala como o dragão e como ele retesa-se e levanta-se. O traidor não é mais que um déspota tolhido que não pode fazer a sua vontade senão resignando-se ao segundo papel. É a mesquinhez capaz da enormidade. O hipócrita é um titã-anão".
***
P.S. – Terminou mais uma sessão legislativa na Assembleia da Madeira, pretexto para “balanços” que os partidos, cada um com a sua dose de oportunismo e de manipulação, apresentam. O PCP, pela voz de Edgar Silva, furou o teto, rebentou a escala! São números que dão cabo das tretas que os socialistas locais dias antes veicularam em mais uma conferência de imprensa (faltou fazer essa estatística: quantas conferências de imprensa cada partido promoveu neste ano parlamentar?!). Falta saber o que dirá a tudo isto o CDS. Confesso que não sei se um dia destes tentarei explicar às pessoas do que falamos (e eles falam). Uma coisa é apresentar propostas sobre propostas, montanhas delas; outra coisa, é destacar politicamente o facilitismo demagógico a elas subjacente, os seus efeitos práticos (aprovações) e a dependência face a uma fobia da estatística (que no caso do PCP local já é cronicamente conhecida). De que serve uma equipa de futebol revelar que tem um plantel com 40 jogadores, se apenas 14 deles é quer são utilizados regularmente?!" (in JM)
Sem comentários:
Enviar um comentário