terça-feira, agosto 28, 2012

Opinião: "As parvoíces à volta da RTP"

"Peçam a duas pessoas da mesma família política uma definição de serviço público de Rádio e Televisão e o mais provável é aparecerem três ideias diferentes. Agora imagine se forem de famílias políticas distintas... A piada ilustra a dificuldade em definir (consensualmente) a missão do serviço público. Mas não é exagero? Não é possível definir com clareza o que deve ser o serviço público de Rádio e TV? Claro que é. Mesmo com pessoas de famílias políticas tão diferentes como PS, PSD e CDS. Mas se é assim, porque não se põem de acordo (Seguro até diz que se o Governo privatizar a RTP, quando o PS regressar ao poder voltará a haver RTP pública)? Simples: por causa da "contaminação ideológica" e dos "lobbies" que gravitam em torno dos partidos (já reparou, caro leitor, como a questão "RTP" conseguiu fazer esquecer a execução orçamental?). O problema de PS, PSD e CDS é que se deixam manietar pelos complexos ideológicos, e pelos "lobbies" (tantos...), em vez de se cingirem a questões técnicas. O resultado é o que se vê: parvoíces. Sim, parvoíces. Desde que PSD e CDS chegaram ao Poder, praticamente não houve semana em que o Governo não tivesse falado na privatização da RTP: ele era a venda de dois canais, ele era a venda de um, agora é o fecho de um e a concessão de outro... Uuufff!!!
Este governo, como qualquer outro da Democracia, não sabe lidar com o assunto "Radiotelevisão". E entretém-se a dar tiros nos pés: como é que se pode falar em privatização sem definir primeiro o que deve ser o serviço público... e quem o vai fiscalizar? E como fica a motivação numa empresa que todas as semanas ouve versões contraditórias sobre o que lhe vai acontecer?"
(texto de Camilo Lourenço, publicado no Jornal de Negócios, com a devida vénia)

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