domingo, dezembro 09, 2007

Cimeira UE-África (III)

(...)"Nenhum país do mundo respeita integralmente os trinta artigos que compõem a Declaração Universal dos Direitos Humanos adotada unanimemente pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1948. Como demonstrado pelo levantamento exaustivo realizado por Charles Humana (World Human Right Guide, 1984), a taxa média de aplicação e respeito dos Direitos Humanos nos países do mundo ocidental, coincidentemente mais ricos e mais democráticos, é de mais de 90%. No entanto, é justamente entre os cinqüenta e sete países que compõem o continente africano onde encontram-se as maiores taxas de violação e desrespeito dos Direitos Humanos. Nesses países, a taxa média de aplicação não atinge o limite inferior de 64%. No caso dos países da África sub-saariana, esse índice é geralmente medíocre ou ruim.
Como explicar essa discrepância entre os países africanos e os do mundo ocidental em matéria dos diretos humanos? Constata-se também uma coincidência entre a pobreza e a falta de democracia na África, ambos os fatos relacionados com a violência. Se os países da Europa ocidental conseguiram no último meio século formar uma ilha de paz, os da África dita negra formam desde as independências (1957-2001) uma das zonas mais violentas do mundo contemporâneo. E quando falo de violência, não me refiro à série de Golpes de Estado Militar muitas vezes realizados com música marcial, sem ferir ninguém, nem à violência difusa no corpo social como um todo, embora reconheçamos a sua importância. Refiro-me à violência que toca a grupos inteiros: os massacres coletivos, a repressão e a tortura institucionalizadas, as hostilidades sangrentas que opõem grupos étnicos ou religiosos. Breve, penso no sangue derramado entre populações civis aterrorizadas nas situações impossíveis, as chamadas guerras fratricidas (...)". (fonte: Etnicidade, Violência e Direitos Humanos em África, por KABENGELE MUNANGA, docente do Departamento de Antropologia, aqui)

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