domingo, janeiro 12, 2014

Fitch vê economia melhor mas alerta para riscos do OE

Segundo o DN de Lisboa, a "agência qualifica emissão a 5 anos de “positiva” para perfil de crédito de Portugal mas salienta que não terá impacto direto no rating. Relatório sobre o país será apresentado em abril. A Fitch admite que a economia portuguesa está a melhorar; no entanto, a agência de notação alerta que continuam a existir riscos para a implementação do Orçamento do Estado ( OE). E, quanto à recente emissão de dívida a cinco anos feita por Portugal, apesar de bem sucedida e de ser positiva para o perfil de crédito, a agência considera que não será, por si só, suficiente para uma eventual revisão do rating soberano que poderá fazer em abril. Em declarações exclusivas ao DN/ Dinheiro Vivo, o diretor da Fitch, Michele Napolitano, começa por afirmar que “notamos que existe uma melhoria da economia real”, e explica porquê: “O crescimento do PIB está a regressar, o desemprego está a recuar e os resultados orçamentais estão em linha com as expetativas.” “Estes fatores são mais prováveis de influenciar o rating e são positivos em termos de crédito”, salienta. A Fitch tem um outlook negativo para o rating de Portugal, de “BB+”, e o diretor da agência alerta que “continuamos a pensar que existem ainda alguns riscos para a implementação do Orçamento do Estado e esta visão é suportada pelo recente chumbo do corte das pensões do sector público decidido pelo Tribunal Constitucional”. Apesar de o Governo estar comprometido em reformular esta medida, o resultado final poderá atrasar ou enfraquecer a consolidação orçamental”, refere.
Por isso, Michele Napolitano defende que “a continuação da consolidação orçamental é a chave para estabilizar e reduzir os níveis de dívida pública. Sinais de que a dívida pública está a estabilizar é outro catalisador que poderá levar a uma estabilização do outlook”. Depois da Irlanda ter feito a primeira emissão de dívida desde que saiu do resgate, Portugal não perdeu tempo e aproveitou as boas condições que existem no mercado, sobretudo ao nível do risco ( ver gráfico), para emitir 3,25 mil milhões de euros de dívida a cinco anos. “A emissão de dívida é positiva para o perfil de crédito de Portugal. A queda do juros e o sucesso da operação sugerem que existe uma melhoria significativa da posição de financiamento de Portugal. Demonstra que Portugal tem um maior grau de acesso aos mercados”, afirma Michele Napolitano. O diretor da Fitch relembra que “ter acesso aos mercados é um pré- requisito para se ser elegível para um programa cautelar” e que “um dos catalisadores positivos para o rating identificado na análise feita em outubro – ter um programa cautelar a partir de junho de 2014 e/ ou recuperar o acesso aos mercados de forma sustentável – parece agora ser mais provável de se materializar”. Sobre o impacto da emissão de dívida no rating, o responsável salienta que “acompanhamos mais de perto os fundamentais económicos do que os movimentos das yields. Nesse sentido, a emissão não terá, por si só, um impacto direto no rating”. Resta agora esperar por 11 de abril, dia em que a Fitch irá publicar uma das suas análises ao risco de crédito de Portugal"