quarta-feira, setembro 04, 2024

Familiares, gestores e amigos de longa data: os homens que gerem os milhões de CR7

Estão em várias empresas do universo Cristiano Ronaldo. Discretos, raras são as vezes em que fazem declarações públicas. Há vários anos, é neles que o empresário e futebolista português confia para lhe gerirem os muitos milhões que tem espalhados por vá­rios sectores. Alguns são da família e amigos da confiança do avançado, sem experiência em gestão. Outros são gestores profissionais, por cujas mãos passam milhares de milhões de euros de alguns dos maiores milionários do país.

Miguel Marques, de 50 anos, é um deles. Presidente da gestora de fortunas LM Capital, empresa com sede na Avenida da Liberdade, em Lisboa, é conhecido como um tecnocrata. Antes era gestor da sucursal portuguesa do banco suíço St Galler Kantonalbank (SGKB), tendo fundado a sua própria empresa em 2017. No final de 2023, a LM Capital era a oitava maior gestora de patrimónios a operar em Portugal, com um total de €1087 milhões sob gestão, de acordo com a CMVM, o regulador do mercado nacional, detendo uma quota de mercado superior a 3%. O nome de Miguel Marques surge muitas vezes associado ao do agente de futebolistas Jorge Mendes (estão juntos com frequência em jogos de futebol). Foi Miguel Marques a mediar a relação entre a Gestifute, empresa de Mendes, e a Fosun, empresa chinesa, que levou à compra de clubes de futebol, como o Wolverhampton, em Inglaterra.

Miguel Marques, Miguel Paixão e Hugo Santos Aveiro são administradores da CR7 SA

A investigação Football Leaks expôs a utilização de paraísos fiscais por figuras como Ronaldo e José Mourinho (ambos seriam condenados em Espanha por fraude fiscal), revelando também o papel de Miguel Marques enquanto gestor de fortunas. Este surgiu também numa conversa com Luís Filipe Vieira, ex-presidente do Benfica. O tema era Jorge Mendes e um documento onde figurava um acordo entre o Atlético de Madrid e os encarnados, que devia ser rasgado porque não podia estar dentro das instalações do Benfica, segundo Vieira. Marques geriu fortunas de outros futebolistas e treinadores agenciados por Mendes, como Pepe, Fábio Coentrão, José Mourinho ou Nuno Espírito Santo. É o atual presidente da administração da CR7 SA, holding de Ronaldo. O Expresso tentou contactá-lo, sem sucesso.

De Alcochete para o mundo

Na CR7 SA há três nomes que compõem o Conselho de Administração. Além do presidente Miguel Marques, surgem Miguel Paixão e Hugo Santos Aveiro, ambos vogais. Miguel Paixão, algarvio de 40 anos, é um dos melhores amigos de Ronaldo desde que partilharam a academia do Sporting, em Alcochete. Foi também jogador de futebol mas nunca vingou na elite. Tal como o capitão da seleção nacional, saiu do Sporting na época 2003/04. Mas se o primeiro voou para o Manchester United, Paixão foi para o Farense, na altura na segunda liga portuguesa — e foi nesta divisão que fez parte da carreira. Na rede social Instagram, onde tem mais de um milhão de seguidores, metade das suas últimas 30 publicações são com ou sobre Ronaldo. Numa delas, publicada quando Portugal foi eliminado do Mundial em 2022, recorda o tempo em que partilharam quarto: “Quando nos conhecemos, já há mais de 20 anos, nunca poderíamos sonhar, quando partilhámos quarto naquela velhinha e humilde residencial em Lisboa, aquilo que o futuro tinha reservado para ti.”

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Outro sócio de Ronaldo é o seu irmão, Hugo dos Santos Aveiro, de 49 anos. Além do lugar na CR7 SA, está presente noutras duas empresas de Ronaldo: a CR7 Lifestyle e a Ponta de Lança. E enfrenta um processo em Itália por suspeitas de vender 13 mil camisolas falsas da Juventus, clube que Ronaldo representou entre 2018 e 2021, segundo a imprensa italiana.

Outras peças do mundo CR7

Além dos três nomes da administração da casa-mãe de Ronaldo, vários outros surgem ocasionalmente nas empresas onde investe. O caso mais recente é o de Tiago Craveiro, visto como alguém que traz uma visão global ao grupo, bastante inteligente e competente. Fontes próximas de Ronaldo dizem que “vem dar mais poder de fogo à marca, que estava a ser de alguma forma refreada e contida”.

A carreira de Craveiro começou na redação da TVI do Porto, passou pelo Governo de Durão Barroso e Santana Lopes, regressou à TVI em 2005, e passado pouco mais de um ano entrou no mundo do futebol. Primeiro como secretário-geral da Liga de Portugal, depois como diretor-geral da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) durante 10 anos. Atualmente é consultor da UEFA e da CR7 SA. Ganhou a confiança de Ronaldo nos tempos em que liderava a FPF e agora é ele que o representa em alguns negócios, como o da Vista Alegre. Outro dos nomes na órbita de CR7 é o do advogado Luís Miguel Henrique, que chegou a ser convidado para administrador não executivo da então Cofina Media, atual Medialivre, em representação de Ronaldo. Acabou por declinar o convite por razões pessoais e profissionais, mantendo no entanto as suas colaborações na CMTV, “Record” e “Negócios”, órgãos de comunicação social desse grupo (Expresso texto dos jornalistas Diogo Cavaleiro e Pedro Lima)

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