Os inquéritos da Aximage foram conduzidos nos últimos quatro dias da semana passada, quando já era evidente que o número de infeções descia tão rapidamente quanto tinha subido (o número de internados e de mortes move-se mais devagar e de forma diferida) e esse facto ajudará a explicar que António Costa consiga agora um saldo positivo de 27 pontos percentuais (a diferença entre avaliações positivas e negativas), um valor que se mantém praticamente inalterado desde novembro do ano passado.
Relativamente a Marcelo
Rebelo de Sousa, as notícias são ainda melhores, uma vez que consegue um saldo
positivo de 50 pontos (mais 10 do que no barómetro de dezembro). Seja ainda
pelo efeito da reeleição presidencial de janeiro (em que obteve um pouco mais
de 60% dos votos, com 47 pontos de vantagem para a segunda classificada, Ana
Gomes), seja por causa da postura mais institucional do último mês, com menor
exposição pública e intervenções mais incisivas e exigentes, certo é que a
popularidade do presidente disparou, conseguindo o segundo melhor resultado
desta série de barómetros, iniciada em julho passado.
Marcelo transversal
Quando se analisam os
resultados entre os diferentes segmentos da amostra (género, idade, classe
social ou região), Costa e Marcelo estão em sintonia, ainda que o presidente
assente sempre num patamar superior ao do primeiro-ministro. Uma vantagem que
acaba por se tornar mais evidente quando se faz o cruzamento com as
preferências partidárias. Ambos estão ancorados nos eleitores socialistas e
perdem gás à medida que se caminha para a Direita, mas, enquanto a popularidade
de Marcelo é transversal (só tem saldo negativo entre os eleitores do Chega),
Costa perde no território à Direita e até entre os bloquistas.
Se o ângulo de análise
for o género, primeiro-ministro e presidente estão melhor entre a população
feminina, uma vez que elas dão mais notas positivas, enquanto eles se destacam
nas notas negativas. Nas classes sociais, de novo a evidência de um património
comum: o saldo positivo diminui à medida que sobe o rendimento. O mesmo com os
grupos etários: o apoio é mais forte entre os que têm 65 ou mais anos (Marcelo
chega aos 80%), mas é também elevado entre os mais novos (Costa chega aos 62%).
No que diz respeito à
geografia, há uma semelhança e uma diferença: o primeiro-ministro é catapultado
pela avaliação positiva dos lisboetas (nas restantes regiões está abaixo da
média), enquanto o presidente, para além de Lisboa, soma igual entusiasmo no
Norte (74% de avaliações positivas nas duas regiões).
Dois terços pedem mais
exigência
É um resultado que se
mantém estável desde setembro do ano passado: 70% dos portugueses entendem que
o presidente da República deve ser mais exigente com o Governo (menos um ponto
do que no barómetro de dezembro). O único segmento da amostra em que há
discordância sobre a necessidade de exigência adicional é entre os que votam
nos comunistas (ainda que estejam praticamente divididos a meio). Outro
resultado que se destaca é o dos eleitores que escolhem o Chega: 100% defendem
maior exigência (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)
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