segunda-feira, fevereiro 08, 2016

ONU, Marcelo e Guterres

Toda a gente sabe que se António Guterres tivesse aceitado ser candidato presidencial, provavelmente as eleições presidenciais de Janeiro e tudo o que à volta delas aconteceu, teria sido substancialmente diferente. Teríamos muitos menos candidatos à esquerda e provavelmente Marcelo não teria despachado o assunto logo à primeira volta como aconteceu.
Guterres acabou por colocar em causa toda a estratégia do PS - e de outros sectores ainda mais à esquerda dos socialistas, que entendiam que depois do trabalho realizado como Alto Comissário para os Refugiados, tinha todas as condições para ser candidato e provavelmente para congregar a esquerda e ganhar as eleições - e facilitar a vida a Marcelo Rebelo de Sousa.
Mas isso agora não interessa, não passam de apreciações e de especulações. 
O que me parece importante é que Marcelo Rebelo de Sousa, neste momento, como presidente da República eleito, ainda não teve uma palavra de apoio inequívoco - posso estar a cometer um erro mas creio que não - à candidatura de Guterres ao cargo de Secretário-Geral da ONU, mesmo que este possa não ter a força necessária para chegar lá devido à capacidade política de pressão e de movimentação de lobbies organizados e que estão instalados na ONU tentando envolver-se nos processos de decisão desta organização.
Julgo que Marcelo apenas referiu, ainda antes das presidenciais, que Guterres era "um candidato fortíssimo" ao lugar de secretário-geral das Nações Unidas, saudando a iniciativa do Governo de propor o seu nome. Mas é preciso mais do que isso, mesmo da parte de Cavaco Silva. Tentar convencer os parceiros europeus que a solução portuguesa seria a mais adequada à organização numa altura em que se colocam desafios novos e exigências novas às Nações Unidas. Ou seja há um trabalho de bastidores a ser realizado, que já deveria estar a ser realizado e que provavelmente não deve estar a ser desencadeado porque neste país tudo pára até que o novo PR seja empossado a 10 de Março - mês e meio depois de ter sido eleito, um escândalo!
Lembro que Marcelo saudou a iniciativa do Governo, revelando que "se for eleito no próximo dia 24, essa é uma missão, uma tarefa conjunta do Presidente da República, do Governo, da diplomacia portuguesa para o próximo ano e sobretudo para os próximos meses". Cá estaremos para ver (LFM)

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