terça-feira, fevereiro 02, 2016

Concorrência investiga contratos da Nos e Meo com clubes de futebol...

Os contratos para a transmissão dos jogos de futebol celebrados com a Meo e a NOS e os três grandes clubes nacionais estão na mira da Autoridade da Concorrência (AdC). O foco do organismo liderado por António Ferreira Gomes está na duração e abrangência excessiva dos acordos exclusivos.  
“A AdC está a recolher informação sobre os recentes desenvolvimentos no mercado da comercialização dos direitos de transmissão televisiva de conteúdos desportivos ‘premium’”, revelou ontem fonte oficial da AdC, citada pela Agência Reuters.
Em Dezembro passado, a Nos assinou com o Benfica um contrato milionário. O Benfica garantiu uma verba de 400 milhões de euros nos próximos dez anos, sendo que 300 milhões devem-se à cedência dos direitos televisivos à NOS e 100 milhões pela distribuição da BTV. O contrato do Benfica com a NOS entra em vigor na próxima época, ou seja, 2016-2017. 
O Sporting assinou também com a NOS, um contrato que vale 446 milhões. O clube liderado por Bruno de Carvalho adicionará ainda à suas contas 69 milhões de euros até 2018 devidos à revisão em alta do contrato com a PPTV. 
Já o FC Porto acordou a venda dos direitos televisivos com a Meo por um valor de 457,5 milhões de euros. Para os clubes de futebol estes contratos representam uma lufada de ar fresco, tendo em conta os seus elevados passivos.
Estes contratos, considerados por muitos analistas como multi-milionários, têm levantado sérias dúvidas sobre a forma de como vão as operadoras de televisão rentabilizar o avultado investimento. Em simultâneo, surgiram interrogações sobre se não estarão a pôr em causa uma concorrência saudável. A NOS levantou o véu com o contrato com o Benfica e a Meo (da Altice) não quis ficar atrás e logo tratou de celebrar um acordo semelhante com o FC Porto. Agora, a AdC quer olhar devidamente para os documentos.
Já não é a primeira vez que a AdC se debruça sobre operações de concentração de mercado. Como salientou fonte oficial deste organismo regulador, a AdC teve um conjunto de intervenções recentes em sede “contra-ordenacional e de controlo de operações de concentração”, incluindo o chumbo, em 2014, da entrada da Portugal Telecom na Sport TV, controlada pela NOS e pela Controlinveste. “O conjunto destas intervenções traduz, de forma sintética, aquela que tem sido a visão da Autoridade nos últimos anos em relação ao funcionamento destes mercados”, sublinhou.
Segundo a mesma fonte, “reflectem, por um lado, preocupações com a duração e abrangência excessivas de acordos exclusivos no mercado a montante da comercialização dos direitos de transmissão televisiva de conteúdos desportivos ‘premium’ e, por outro lado, preocupações com restrições da concorrência nos mercados a jusante” (pela jornalista do Económico, Sónia Santos Pereira)

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