quinta-feira, novembro 26, 2015

Mania de escrever: com um novo governo de esquerda quais os desafios que se colocam a PSD e CDS?

Urgente e recomendável
- mudar a atitude política, tornando-a menos radical e abrir o debate político interno no PSD e no CDS que são hoje partidos privados desse debate político, porque reféns das lideranças e das respectivas cortes
- perceber que a esquerda teme eleições antecipadas como o "diabo da cruz" porque não sabe qual a reacção dos eleitores.  Por isso, ela precisa de tempo, para colocar no terreno medidas populares, que aumentem o rendimentos das famílias, no quadro das promessas que deram, por exemplo, ao Bloco a votação que teve. Depois disso, depois de conseguirem esse apoio popular, depois de semearem a ideia de que durante 4 anos da Legislatura muitas mais medidas de reversão da austeridade serão implementadas, creio que PSD e CDS correm o risco de ficar irremediavelmente encostados às boxes caso continuem reféns de um discurso raivoso, da sede de vingança e da febre do ajuste de contas.Isto faz-me lembrar o que se passou nos Açores com o PSD, quando Mota Amaral saiu da liderança e o PS de Carlos César conseguiu paulatinamente mudar a imagem junto do eleitorado. Até hoje...
- urgência de novas lideranças parlamentares, por desgaste dos actuais protagonistas. Um tempo novo, exige a substituição de pessoas desgastadas que podiam continuar nessas funções caso PSD-CDS continuassem no poder. O que não aconteceu. Assim, em meu entender, tanto Montenegro como Magalhães deveriam tomar a iniciativa de solicitar a substituição porque suspeito, como a seu tempo se confirmará, que eles prejudicarão os dois partidos que serão forçados, mais cedo ou mais tarde, a caminhar separados um do outro.
- combater a ideia de que PSD e CDS podem adoptar posturas políticas de vingança contra o PS colocando os interesses partidários à frente dos interesses do país
- deixar de pisar e repisar a treta de que têm os portugueses ao seu lado, quando na realidade não lograram a maioria absoluta exactamente porque deixaram de ter os portugueses com eles, como alegadamente reclamam. Os 700 mil votos a menos dizem tudo
- prioritariamente o PSD tem que discutir internamente quais as áreas em que poderá assentar um discurso político que não pode ser saudosista, quais os itens que deverão ser visados nesse discurso político, quais as matérias, para além da europeia e da política de defesa europeia, que reúnem condições potenciais para serem aproveitadas eventuais divergências entre os partidos da esquerda parlamentar e o PS
Negativo e a resolver
- exercer intolerável pressão e chantagem reivindicativa sobre Marcelo Rebelo de Sousa, na esperança de que ele, depois de eleito, e sem motivos, vai dissolver a Assembleia e convocar eleições. Não vai fazer coisa nenhuma, não pode fazer, não deve fazer salvo se existirem motivos fortes para tal
- definir o futuro de Passos na oposição, o que depende do próprio
- definir o futuro de Portas na oposição, o que depende do próprio
- discurso de raiva e "vendetta" vai durar pouco e pode prejudicar PSD e CDS
- imagem de inegável saturação junto da opinião pública dos líderes parlamentares do PSD e CDS, Montenegro e Magalhães, que deveriam tomar a iniciativa de se demitirem. A ideia de mudança é importante a uma coligação que apesar de ter sido a mais votada não consegue disfarçar nem negar a outra face da moeda, uma derrota política expressa na queda dos 700 mil votos e nos 25 deputados perdidos
- tenho muitas dúvidas que o governo do PS, politicamente forte, caso consiga um estado de graça de vários meses, e caso confirme a adopção de medidas populares de reversão do radicalismo da austeridade e que agradarão, por exemplo, aos sectores mais penalizados pela austeridade e as vítimas mais fáceis e crónicas da austeridade do governo PSD-CDS - casos dos reformados e dos pensionistas e funcionários públicos - o cenário de eleições antecipadas seja a solução mais adequada para Passos e Portas. O tipo pode-lhes sair pela culatra e PSD e CDS precisam de debater essa situação enquanto é tempo.
- o discurso do medo e do ajuste de contas não pega. Hoje a vigilância exercida sobre a execução orçamental dos estados-membros da zona euro não se compara ao que (não) existia nos tempos de Sócrates e acabou por permitir muita coisa. A opinião pública portuguesa tem hoje acesso a informação atempada, até junto das entidades que fizeram parte da troika que nos continuam a acompanhar. Tentar vender a ideia de que a situação hoje é igual ao que existia entre 2005 e 2011 é um embuste, mais um, no qual as pessoas não acreditarão (LFM)

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