“Uma equipa de alpinistas conseguiu dar alguma luz ao acidente aéreo que
há mais de 53 anos vitimou grande parte do plantel do Green Cross, um clube
chileno de futebol. A expedição localizou os restos dos avião em que a equipa
viajava quando, em Abril de 1961, se despenhou na Cordilheira dos Andes, no
Chile. No acidente, morreram todos as 24 pessoas, incluindo muitos jogadores e
o treinador do campeão chileno de 1945, que iam a bordo do Douglas DC-3,
aparelho que fazia a ligação entre Osorno e Santiago, para onde a comitiva
regressava depois de fazer um jogo para a Taça do Chile. A descoberta actual
vem pôr em causa partes da versão "oficial" da tragédia, pois o local
onde foram encontrados os destroços não coincide com o que sempre se julgou
correcto.
"O avião está a mais de 3200 metros de altitude. Está conservada
grande parte da fuselagem, há muito material espalhado e inclusivamente restos
ósseos. Está a reescrever-se esta história, porque, além de tudo, o avião não
está onde indicam todas as publicações oficiais", referiu um dos alpinistas,
Leandro Albornoz, ao jornal chileno La Segunda. Os destroços foram encontrados
perto da cidade de Linares, mas os membros da expedição não revelaram o sítio
exacto para evitar que se "profane o local". Os dias seguintes ao
acidente estiveram sempre envoltos em mistério e dúvida. Foi anunciada a
localização do avião e o suposto resgaste de alguns corpos, mas tentativas
posteriores não encontraram o local. "É muito escassa a informação
disponível e abundam rumores de caixas cheias com pedras que serviram de
caixões no momento em que se realizou o resgate, de nula identificação dos
restos mortais e outras situações confusas que com o passar dos anos
alimentaram este mítico acidente, convertendo-o numa mistura de
história-lenda", acrescentou Albornoz. Na noite do acidente, a comitiva do
Green Cross dividiu-se em dois aviões. A maioria não quis fazer a viagem de
regresso no primeiro, pois esse voo iria fazer várias escalas, e esperou pelo
segundo, que acabou por se despenhar nos Andes. Fundado em 1916, o Green Cross
desapareceu, pelo menos na sua versão original, em 1965. Nesse ano, acabou com
a sua ligação a Santiago e fundiu-se com um clube de outra cidade, Temuco”
(texto do jornalista do Público, MANUEL ASSUNÇÃO, com a devida vénia)