domingo, janeiro 25, 2015

Grécia: Um homem longe do centro e da esquerda (Samaras)

"O Partido do atual Governo grego, liderado por Antonis Samaras, fechou a campanha em ambiente de derrota. Muitos apoiantes já não acreditam que os conservadores consigam ser reeleitos. Ao contrário do Syriza, que fechou a campanha numa praça de Atenas, Samaras liderou o comício final numa pavilhão fechado longe do centro. A esquerda (Syriza) também está longe: leva mais cinco pontos nas sondagens Rostos fechados e pouco entusiasmo marcaram esta sexta-feira o comício final dos conservadores da Nova Democracia, o partido do Governo na Grécia, que segue em segundo lugar nas sondagens para as eleições legislativas do próximo domingo. O contraste para o comício do Syriza, que lidera as intenções de voto, não podia ter sido maior. Ao contrário do Syriza, que quinta-feira encerrou a campanha com um comício numa praça de Atenas, onde milhares de pessoas se acotovelaram para ouvir o discurso do líder Alexis Tsipras, a Nova Democracia escolheu um pavilhão fechado longe do centro, onde houve espaço de sobra para os apoiantes. Perto das 19h00, uma hora depois do que estava previsto para o início do comício, havia ainda dezenas de cadeiras vazias no recinto. Os lugares acabaram por ser quase todos ocupados graças aos autocarros organizados pelo partido que foram trazendo eleitores, munidos de buzinas e bandeiras da Grécia. Mas o speaker de serviço e alguns responsáveis da juventude partidária tiveram de se esforçar para galvanizar os ânimos para a chegada de Antonis Samaras, o primeiro-ministro que agora se recandidata. Samaras discursou durante cerca de uma hora, sublinhando os progressos que o país já conseguiu e frisando que não faltará muito para sair da crise. Mas na sala a dinâmica era mais de derrota do que de vitória. A dois dias das eleições, e numa altura em que a esquerda está longe - o Syriza leva uma vantagem superior a cinco pontos percentuais nas sondagens -, muitos eleitores de Samaras têm pouca esperança numa reviravolta. "Espero que a Nova Democracia ganhe, a bem da estabilidade política e da recuperação do país. Mas acho difícil. A minha esperança é que, no último momento, os gregos tenham o bom senso de não votar Syriza, que não tem um programa claro e que integra alguns movimentos mais radicais que podem ameaçar a permanência da Grécia no euro", diz ao Expresso Tsatsoulis Sbokos, um reformado de 70 anos, que sempre votou no partido que agora está no Governo. "As pessoas dizem que estamos muito mal, mas esquecem-se que em 2012, quando a Nova Democracia chegou ao poder, estávamos muito pior, à beira da bancarrota. Muitas estão revoltadas pelos cortes e é por isso que vão votar no Syriza, mas não percebem que os sacrifícios podem ser duros para elas, mas são importantes para o país", referiu ainda Tsatsoulis Sbokos. A campanha eleitoral para as legislativas de domingo chegou ao fim esta sexta-feira. Sábado será dia de reflexão" (texto da jornalista do Expresso, Joana Pereira Bastos, com a devida vénia)