terça-feira, janeiro 27, 2015

Nazismo: o livro mais perigoso do mundo vai deixar de ter direitos de autor

"Assim que Mein Kampf deixar de ter direitos de autor, em teoria, toda a gente pode publicar as suas edições na Alemanha. Esta passou a ser a grande preocupação das autoridades que não têm como controlar a publicação e a distribuição daquele que é, para muitos, o livro mais perigoso do mundo. De acordo com o produtor do programa da BBC "Publish or Burn", que se centra na investigação de como as autoridades podem controlar a publicação e distribuição deste livro, esta obra constitui, ainda hoje, um perigo. "A história de Hitler é uma história de subestimação. E as pessoas subestimaram este livro," afirma John Murphy. "Há uma boa razão para o levar a sério, por causa da má interpretação", acrescenta.
Hitler começou a escrever Mein Kampf quando foi preso em 1923, acusado de traição depois de uma tentativa falhada de golpe de estado. Depois de subir ao poder, uma década depois, o livro tornou-se uma das obras chave do Terceiro Reich, tendo sido oferecido a casais recém casados ou a estudantes acabados de se graduar. No final da Segunda Guerra Mundial, e depois do exército americano ter prendido o editor nazi Eher Verlag, os direitos de Mein Kampf passaram para as autoridades da Baviera. Estas garantiram que a reimpressão só fosse possível na Alemanha e sob circunstâncias especiais. No entanto, e com o término dos direitos de autor em Dezembro de 2015, começa o debate sobre a possibilidade de uma publicação livre para todos. Ludwig Unger, porta-voz do Ministro da Educação e Cultura da Baviera, afirma em declarações à BBC que"milhões de pessoas morreram, milhões foram mal tratadas, áreas inteiras foram arrasadas pela guerra como resultado deste livro.  É importante manter isto bem assente e consegue-se fazer isso quando se lê algumas passagens com comentários históricos apropriados." Esta é a ideia do Instituto de História Contemporânea de Munique. Ou seja, o objetivo será, quando os direitos de autor expirarem, lançar uma nova edição da obra com alguns comentários apontando omissões ou distorções da verdade. Apesar disso, algumas vítimas do regime Nazi já se opuseram a esta ideia do Instituto, e o Governo da Baviera retirou o seu apoio depois das críticas dos sobreviventes do Holocausto" (fonte: Visão)