terça-feira, janeiro 27, 2015

Políticos: Estudo revela que eleitores valorizam mais a afetividade que a competência

Escreve a jornalista do Expresso, Isabel Paulo que "simpatia dos cidadãos pelos líderes partidários fala mais alto do que a competência ou a ideologia no momento de votar, conclui estudo da Universidade do Minho e do Instituto Universitário Europeu. Na hora de votar, os cidadãos privilegiam a ligação afetiva aos líderes partidários em detrimento da sua competência, tendência que se verifica independentemente da ideologia e das caraterísticas sociodemográficas do eleitorado. A conclusão da investigação, que teve por objetivo analisar de que forma a avaliação do perfil dos líderes políticos influencia o comportamento de voto, foi divulgada esta quinta-feira pela Universidade do Minho (UMinho) e teve como base de dados estudos pós-eleitorais em Portugal, Espanha, Itália, na Irlanda, Alemanha, Hungria e no Reino Unido. Em comunicado divulgado esta quinta-feira, Patrício Costa, investigador e coordenador do trabalho, sustenta que a erosão das clivagens ideológicas tradicionais, juntamente com os níveis crescentes de descontentamento e desalinhamento político, levou a uma individualização do voto. "Assiste-se a uma mediatização progressiva da arena política e os líderes tornaram-se o rosto humano dos partidos", explica o professor da UMinho. O estudo, feito em colaboração com Frederico Ferreira da Silva, do Instituto Universitário Europeu, em Florença, sustenta que os eleitores desalinhados estão mais suscetíveis a fatores de curto prazo, tais como "a influência dos representantes políticos e consideração das suas caraterísticas, o que conduz à personalização da política".
O estudo agrupou os líderes em duas dimensões, uma relacionada com a competência, analisando variáveis como assertividade, a autoridade, conhecimentos de economia e política, e outra mais ligada à afetividade. Nesta segunda faceta, foram tidas em conta valências como o carisma e a credibilidade. Os dados submetidos a análises estatísticas tiveram ainda em equação as variáveis sociodemográficas e a ideologia política dos eleitores. Para Patrício Costa, a Grécia, que terá eleições legislativas antecipadas no próximo domingo, é outro dos países que segue a tendência afetiva. "A volatilidade eleitoral observada nos últimos anos na Grécia ilustra a relevância dos aspetos de curto prazo na tomada de decisão de voto, agora menos ancorado em classes ou identificações partidárias", refere.   O docente conclui por isso que estes fatores aumentam "a imprevisibilidade dos resultados eleitorais e das sondagens", que apontam para a vantagem do partido de esquerda Syriza em relação ao conservador Nova Democracia, do primeiro-ministro Antónis Samarás"