sexta-feira, janeiro 30, 2015

Jornalismo: BBC perde terreno para televisões russa, chinesa e árabe

Segundo o Económico, "a presença da BBC no mundo está a encolher, enquanto os serviços públicos de informação da Rússia, China e países árabes estão a investir milhões para aumentar o seu alcance. A política de contenção de custos na televisão pública britânica poderá custar-lhe a influência no mundo, avisa a própria empresa. O serviço que chega a cerca de 200 milhões de pessoas nos cinco continentes iniciou, em 2010, um plano de reestruturação para responder à diminuição do financiamento público e com o objectivo de cortar 800 milhões de libras (um milhão de euros), que inclui a redução de 415 postos de trabalho. A BBC tem alertado o Governo de David Cameron para o facto da informação produzida pela cadeia britânica estar a ser marginalizada pelos concorrentes, nomeadamente a Rússia Today, a televisão estatal russa, a Al Jazeera, financiada pelo governo do Qatar e a China Central Television.
Num relatório revelado esta semana, a BBC diz está colocada perante uma escolha: "declínio ou crescimento" e avisa que as ameaças ao seu serviço internacional são "perigosas". No mesmo documento, a televisão britânica lembra que, enquanto os media do Reino Unido e dos EUA estão a reduzir a cobertura de acontecimentos internacionais por razões financeira, outros países estão a investir. O financiamento do serviço internacional de notícias da BBC - que, em 2011, passou da esfera do Ministério dos Negócios Estrangeiros para ser integrado no orçamento da televisão pública - ascende a 328 milhões de euros.  De acordo com o Financial Times, a televisão pública chinesa recebeu cerca de seis mil milhões de euros para expandir a sua operação global, alargando o seu alcance de 84 milhões de lares para 220 milhões. Também a RT, financiada pelo Kremlin com um orçamento anual de 265 milhões de euros, investiu recentemente num canal dedicado ao Reino Unido. Já Al Jazeera investiu 880 milhões de euros no lançamento do ser canal falado em inglês. A estes, soma-se a concorrência de plataformas digitais, como o Facebook, Google e Twitter.
Para a BBC, expansão da sua cobertura noticiosa é mais do que uma questão de mercado é uma forma de "preencher o défice democrático deixado pelo encerramento de vários jornais em todo o país". A estação está, desde 2011, a reorganizar a sua presença no mundo. Depois do encerramento de cinco serviços internacionais, o director da BBC News, James Harding, revelou a intenção de desenvolver um serviço que chegasse à Coreia do Norte. A direcção pretende ainda repensar a posição na Rússia e na Turquia, com o objectivo de reverter a tendência olhando para a audiências"