terça-feira, setembro 23, 2014

Pilotos querem inquérito parlamentar urgente para avaliar situação atual da TAP

Segundo o Expresso, num texto do jornalista J. F. Palma-Ferreira, "no espaço de poucas horas, dois voos da TAP regressaram ao aeroporto de saída quando já iam a caminho do destino. Causa: problemas técnicos. O problema detetado no voo TAP que assegurava esta terça-feira a ligação Lisboa-Dacar - e que regressou ao aeroporto da Portela sem ter concluído a viagem até Dacar - foi a gota de água para os pilotos da transportadora aérea portuguesa, levando o presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil, Jaime Prieto, a acusar: "O desinvestimento e os cortes feitos na TAP ao longo dos últimos sete anos desestruturaram a companhia". "Precisamos de uma comissão parlamentar de inquérito que apure urgentemente a situação atual da empresa e que faça as perguntas que têm de ser feitas à administração da TAP para perceber o que se está a passar", defende Jaime Prieto. "Os melhores técnicos da manutenção saíram da TAP, não há peças suficientes em stock para efetuar reparações urgentes, e ainda assim, prosseguem a estratégia de corte de custos", critica Jaime Prieto. "A TAP continua a ter um núcleo de quadros de elevada qualidade, que asseguram o funcionamento da empresa em segurança para quem voa, dispondo de uma das melhores equipas de pilotos a nível mundial, mas sabe que não se fazem milagres quando há limitações na capacidade de resposta da área da manutenção, onde foram feitos continuadas reduções de custos, sobretudo desde que a TAP passou a ter o núcleo de manutenção do Brasil", refere Jaime Prieto.
"Por maior que tenha sido o esforço de atualização na área de manutenção existente no Brasil para fazerem reparações em Airbus, a qualidade das intervenções nunca foi semelhante às reparações que eram feitas em Portugal, porque os técnicos portugueses tinham grande experiência nas revisões que faziam aos nossos Airbus", considera. "O problema da TAP é o negócio do Brasil, onde temos enterrado milhões de euros e que em sete anos apenas deu resultados positivos num mês", comenta o presidente do SPAC, adiantando que "foram gastos mais de 300 milhões de euros no Brasil e agora ainda querem injetar mais 500 milhões para fazer uma limpeza de passivos, de forma a poderem vender rapidamente a empresa", comenta Jaime Prieto. "Para todos nós que damos o melhor para fazer funcionar a TAP, isto é tudo muito triste porque nos dá a sensação que fazem o que querem da TAP", desabafa o presidente do SPAC. No último domingo, registou-se outro episódio igual ao do voo desta terça-feira para Dacar, com um Airbus da TAP que teve de regressar a Lisboa para reparar um problema detetado num dos reatores. Trata-se do voo da TAP que tinha partido de Lisboa às 23h30 desse domingo, com destino a Luanda, e que regressou a Lisboa a meio da viagem, tendo percorrido mais de sete horas de voo para voltar a aterrar no aeroporto da Portela.
Fernando Pinto e os incidente: "A TAP está dentro dos parâmetros"
Contactado pelo Expresso a propósito do incidente de domingo, o presidente da TAP, Fernando Pinto, explicou que "a decisão de regresso foi tomada no designado 'ponto de retorno' do voo e resultou de uma decisão ponderada entre os tripulantes e a equipa de manutenção de Lisboa, porque se o avião tivesse aterrado em Luanda teria de aguardar pelo menos três dias até concluir a reparação". Fernando Pinto detalhou que a situação detetada no A340 que seguia para Luanda exigia uma reparação dos rolamentos de um dos motores. "Não interfere na capacidade de voo do avião, mas implica uma reparação, pelo que esse voo poderia ter prosseguido para Luanda", comentou o gestor. O presidente da TAP também explicou que nestes casos a companhia segue um procedimento que pondera o que é mais importante para a companhia, para os tripulantes e para a segurança de quem viaja. "Nestes casos, a tripulação e a equipa de manutenção têm de tomar uma decisão que permita a reparação mais rápida quanto possível do avião. Como o voo ainda estava dentro do designado 'ponto de retorno', foi decidido regressar a Lisboa porque a reparação em Luanda implicaria que o avião estivesse parado pelo menos três dias", refere Fernando Pinto. Questionado sobre o aumento de situações relacionadas com problemas de funcionamento dos aviões da transportadora, Fernando Pinto garante que "a TAP está exatamente dentro dos parâmetros internacionais normais da indústria da aviação comercial". "A TAP mantém-se dentro do grupo de companhias consideradas mais seguras para voar e é precisamente pelo tipo de decisão técnica tomada no voo Lisboa-Luanda de domingo que continuamos a ser uma companhia que cumpre todos os parâmetros para garantir a máxima eficiência de funcionamento", conclui o presidente da TAP"