quinta-feira, setembro 18, 2014

Passos acusado de ilegalidade

Segundo a Sábado, num texto do jornalista António José Vilela, "uma denúncia apresentada no Ministério Público garante que, enquanto deputado em exclusividade de funções, Passos Coelho recebeu ilegalmente 5.000 euros por mês da Tecnoforma. As autoridades já estão a investigar as contas da empresa A procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, recebeu este ano uma denúncia com informações sobre alegados pagamentos do grupo Tecnoforma a Pedro Passos Coelho quando este desempenhou funções de deputado em exclusividade entre 1995 e 1999. O montante total em causa poderá chegar a mais de 150 mil euros. O caso está a ser investigado no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), que ordenou recentemente por escrito à Tecnoforma que proceda à entrega dos “livros selados” da contabilidade.  Segundo a denúncia, Passos Coelho terá recebido, entre 1997 e 1999, cerca de 5.000 euros mensais que não terão sido declarados pelo actual primeiro-ministro ao fisco. A confirmar-se, isso violaria o que está previsto na lei e no estatuto do deputado. De acordo com a legislação em vigor, os deputados que optem pela exclusividade de funções ficam proibidos de acumular outros rendimentos no Estado e em empresas e associações públicas e privadas. Em contrapartida, acabam por ficar com um maior vencimento mensal. Recebem, por exemplo, mais 10% do ordenado bruto em despesas de representação; ou 15% quando desempenhem funções de vice-presidente da bancada parlamentar como então sucedeu com Passos Coelho. Estas disposições legais não sofreram alterações desde que o líder do PSD foi deputado nos anos 90.  A denúncia feita ao Ministério Público (MP) refere ainda que os alegados pagamentos a Passos ocorreram quando o social-democrata acumulou as funções de deputado com a presidência do Centro Português para a Cooperação (CPPC), uma organização não governamental (ONG) concebida pelo grupo Tecnoforma para obter financiamentos comunitários destinados a projectos de formação e de cooperação.  Questionado pela SÁBADO sobre o conteúdo específico da denúncia, nomeadamente se foi remunerado de alguma forma quando presidiu ao CPPC, Passos Coelho não respondeu até ao fecho desta edição. Em 2012, também não o fez ao jornal Público, limitando-se a dizer que encarou “com seriedade o propósito quer do senhor Fernando Madeira (na imagem), quer do dr. Manuel Castro, administradores e accionistas da Tecnoforma, de ajudarem a criar uma ONG com a finalidade de promover a cooperação entre Portugal e os países africanos de língua oficial portuguesa”.O líder do PSD disse ainda “desconhecer” a data de cessação da actividade do CPPC e onde estariam os documentos desta ONG, antes de justificar o facto de não ter inscrito o cargo de presidente da instituição no “registo de interesses” da Assembleia da República, ou no seu currículo: “Trata-se de um assunto a que, na altura, não atribui relevância especial, mas de que não constitui segredo nem pretendi que o fosse.”